24 julho 2007

Extraterrestres na Pintura Antiga


Existem um sem-número de pinturas antigas e arqueológicas onde ocorrem imagens de objetos voadores não-identificáveis. Uma delas é esta, "A Madonna e o Menino" (séc. XV)

Esta pintura encontra-se no Palazzo Vecchio, em Florença, Itália. A autoria deste quadro é atribuída a Fillippo Lippi. Note o estranho objeto acima do ombro de Nossa Senhora.

20 julho 2007

Ainda...

não me podem acabar...

que se macularem minha vida
com todos os erros do mundo
ainda terei o meu sangue...

que se envenenarem minha sina
com todas as sortes humanas
ainda terei minha luta...

que se sepultarem minhas obras
com todos os risos dos séculos
ainda terei minha força...

que se derramarem meu sangue
com todas as mortes da vida
ainda terei minha alma...

13 julho 2007

O Juízo Final - Hieronymus Bosch


Sombrios Versos à Luz

imortal
luz do cosmos
luz dos fogos

luz dos olhos
de quem ama
luz de chama

luz astral
luz de Goethe
quando morre

que me escorre
à luz-lágrima
de quem sonha

à luz-selvas
entre danças
e que salvas

luz em valsas
borboletas
e mães-d’águas

vaga-lumes
nessas almas
vale em noite

luz da lua
em fantasmas
que flutua

mais ao alto
luz de raios
raio em astros

sol de estrela
luz de arcanjo
com clarim

luz-além
luz vermelha...

Luz do Fim.

06 julho 2007

Soneto a Ela

E paira alta grandeza sobre as nuvens
e pesa mau destino sobre os homens.
Em negro mundo os anos se consomem
e mais clara em tua alma tu nos surges...

Caem raios das horas que refulges,
como sonhos de morte que em mim somem
como fins teus ocultos que há em Beethoven
como sombra em ti fêmea viva em luzes...

Tua voz nas tormentas que há nos céus,
teu olhar cataclísmico nos vela
nos sinais do Infinito dos teus véus...

E por ser Una, arcanamente bela,
alguém dirá talvez que vós sois Deus,
mas eu canto que vós sois no Eterno Ela...

30 junho 2007

Contradição

deixar-te-ei contemplando
o rosto claro das existências
para mergulhar pelas sombras
que mantêm vivo teu rosto
onde os olhos estão sem ver
como sol rubro que brilha
sem brilhar nas cavernosas nuvens

gotejarei meu ouvido anímico
no que jamais se ouve por cantar tão alto
que se esconde sob o transparente
no futuro avanço que há muito passou
e que volta novo para os velhos cegos

irei dedicar minha vida e mônada
para todo oculto onde vive a morte
e se ri do olho que não vê sua vida
que sustém a boca que lhe é ingrata
que vai muito longe dessa mão que alcança

nessa minha insânia que já vê o óbvio
de como é acima é abaixo como é abaixo é acima
além das faces eu conheço almas
além da terra eu vivo no cosmos

deixo-te com as certezas
da cegueira do teu Real
para alcançar verdades
nas visões de meu olho em Sonho

19 junho 2007

A Terrível Responsabilidade

Desde que principiei a publicar meus escritos, sempre abordei de forma dramática a destruição planetária e o destino da humanidade, e, muitas vezes, fui acusado de ser exageradamente apocalíptico. Agora, que a ONU divulgou seu alerta sobre a real ameaça do aquecimento global, todos parecem ter entrado no “clima de fim”. Entretanto, sempre manterei minha coerência e prosseguirei tratando de tais assuntos não por modismos, mas pelas convicções que sempre tive.

Por isso inicio este texto com as palavras de um gênio sempre coerente, Einstein: “A vida é como jogar uma bola na parede; se for jogada uma bola azul, ela voltará azul. Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca. Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.” O que afirma o sábio parece ser óbvio, no entanto, não é percebido pela maioria absoluta da humanidade, que não assume a responsabilidade de seus atos. O aquecimento global é somente uma “volta da bola”. E o que de mais terrível há em tudo isso é que não podemos fugir dessa lei cósmica, esse é o verdadeiro horror que aos poucos irá tomando conta da humanidade, da mesma forma que toma conta, quase imperceptivelmente, do homem que se aproxima da morte.

Todos temos nossas responsabilidades referentes ao meio em que estamos inseridos. Por que seria diferente com relação ao cosmos? Porém, intenta-se fugir a essa responsabilidade cósmica de variadas formas: negam-na, como o imbecil que nega e ri de tudo o que desconhece e/ou não quer conhecer, enfeitam-na com um sem-número de teorias “apaziguadoras” falsamente espirituais, entram para religiões que garantam um salvador externo que tudo perdoa, ou ainda apegam-se na crença simplória e grosseira do “morreu, acabou”, isentando-se assim de qualquer responsabilidade, intentando separar-se definitivamente das leis universais, aniquilar a si próprio. Neste último caso, a única atitude existencial que não seria contraditória seria jogar-se em um leito de hedonismo e chafurdar-se nos ditos “prazeres da vida”. E é exatamente esse último caso que impera, dissimulada ou abertamente, na humanidade, e seu reflexo aí está.

O homem, consciente ou inconscientemente, sempre teme o que desconhece, e a melhor proteção contra esse temor é negá-lo ferrenhamente e abarrotar-se de teorias estéreis que procuram justificar que tudo o que não pode ser abarcado pela “segurança” de nossas mentes é absurdo, simplesmente não pode ser, não deve existir. Assim é com essa responsabilidade cósmica a que me refiro: “não a conheço, não a aceito, logo, ela não existe”. O próprio Kant genialmente chegou à conclusão que há limites para mente, que ela não pode conhecer o que está acima dela. A partir daí, outro conhecimento é necessário.

Muitos entendem como conhecimento apenas o que é mentalmente captável, intelectualizável, o que se pode conceituar, creio que devido ao fato de esse ser um conhecimento que transmite uma ilusão de segurança. Já eu não vejo assim. Entendo, por exemplo, que uma sinfonia de Beethoven, um quadro de Da Vinci, um poema de Goethe podem transmitir tanto ou mais conhecimento, através da emoção superior que fazem vibrar em nosso ser, do que todo um tratado teorizável.

Para mim, conhecimento não é sinônimo de intelectualização, pelo contrário, o verdadeiro saber não é transmissível via intelecto, por teorias, mas pela vivência do mesmo. Claro que esse é um conhecimento particular, intransferível, está acima de decodificações mentais, não depende do alcance das máquinas que o dinheiro constrói. E exatamente por isso, respeita e engrandece a liberdade humana, não dá receitas, não restringe a verdade a esta ou aquela teoria, a este ou aquele autor. Tal conhecimento apenas convida a ser vivido (como uma sinfonia convida o ouvinte a senti-la, sem explicar-se) e, assim, compartilhado. E essa responsabilidade cósmica a que me refiro insere-se nesta espécie de conhecimento, não pode ser teorizada, mas pode ser percebida por aqueles que captam através de inúmeras manifestações do saber universal, e a arte é um exemplo, o seu papel dentro da esfera maior do cosmos.


Uma responsabilidade existencial só pode ser plenamente conhecida quando se compreende que a vida não está só no que se vê vivendo, mas em todas as “teias ocultas” que tornam ela possível. Há vida em um planeta como em um átomo, porém nós, cegos, não vemos. Um outro sábio alemão, Novalis, escreveu que “O curioso é que estamos mais ligados ao invisível do que ao visível”. Contudo, a humanidade não quer saber de responsabilidades “invisíveis”, para ela, tudo já está muito claro... ou escuro como uma caverna... E, afinal, como sentenciou Dante: “nas coisas muito secretas devemos ter pouca companhia”.