03 novembro 2011

Não Gosto de Praia

Como o verão se aproxima, e o pessoal já anda pensando em pegar uma praia, eu, que sou chato e do contra, vou republicar este poema, escrito ano passado. O poema sofreu algumas alterações, para melhor, creio eu. 

Não Gosto de Praia


não gosto de praia
da praia infestada
de vazio humano
tal praia
é a profanação do mar

busco
o oculto da sanga
entre o escuro do mato
como é escuro e oculto o destino
do que há no meu olhar...

com os restos
do sopro livre da minha alma
quero o que restou
do vento livre destes campos:
o meu peito que nada espera
busca os capões brabos
peraus de cobras
onde há mosquitos
da febre amarela

dentre as  várias
febres que me consomem
consegui me vacinar contra uma delas:
contra o homem.
por isso
meu coração é uma tapera
e irei sumir-me pelos banhados
com os mistérios
que em mim somem
liberto de tudo que não
quero me perder
por entre sapos
e berros de gavião

até que se forme
a ventania ao som de clarim
cumprir-se-á então
o que já está cumprido
do começo ao fim

11 comentários:

  1. A mi tampoco me gusta la playa, prefiero la montaña....


    Besos

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  2. MUITO BOM!

    A poesia traz a versão da praia dos dias de hoje. Quando há cinco anos eu ainda ia à praia, era só para caminhar à beira mar e sentir a água.

    Para mim também a praia acabou.

    Belo e verdadeiro!

    Beijos

    Mirze

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  3. Eu só gosto de praia no fima da tarde, sem sol, sem calor.

    ODEIO o verão.

    Um beijo.

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  4. Apesar de saber que suas palavras com relação à praia sejam verdade, eu adoro ir à praia e sentir as ondas, mas não deixo de ter uma certa aversão aos seres humanos que lá habitam.

    Beijos, e voltei com o meu blog, se quiser aparecer.

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  5. Gostei do humor refinado... "com febre"...

    Sempre surpreendente...


    Beijos =)

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  6. Hermoso poema. Muy logrado con imágenes claras y razones valederas para no gustar e la playa. Muy bello. Un abrazo.

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  7. Fui criada em Santos que é uma praia, mas fui crescendo e sentindo uma aversão pelo sol, pela areia, pelo mar...Sou como tu. Me embrenho no mato como se fosse dali que saí ao nascer. Amei!

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  8. Obrigada pela presença, fiquei muito feliz em te ver por lá. Gostei muito do poema, A praia pra mim tem que ser tranquila, e sempre final de tarde pra caminhar e refletir um pouco, Um abraço e ótimo fim de semana.

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  9. Eu, como um carioca defeituoso, apoio este poema!
    uma grande criação!

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