05 novembro 2011

Sobre o Sangue

construí meu verso sobre o sangue
derramado duro na nua terra aberta
coagulado sangue seco pelo pó da enxada
que deserticamente escorre...

construí meu verso sobre o sangue
de água morta em rio derramado humano
sangue viscoso-negro entre a beira acabada
que poluidamente escorre...

construí meu verso sobre o sangue
de seiva-lágrima em derramada queda
esverdeado sangue de vastidão tombada
que devastadamente escorre...

construí meu verso sobre o sangue
do guará atropelado pelo horizonte
sangue vivo-lago derramado das estradas
que extintamente escorre...

meu verso é só um castelo de nada
construído nos ares de tudo que morre...

4 comentários:

  1. Que poema maravilhoso.
    Vc escreve maravilhosamente bem. Bjos

    ResponderExcluir
  2. Um poema pungente como um punhal enterrado no peito.

    Esse final foi arrasador.

    ResponderExcluir
  3. Arrasou, Reiffer!

    "meu verso é só um castelo de nadaconstruído nos ares de tudo que morre..."

    Um poema feito na pele da verdade!

    Beijos

    Mirze

    ResponderExcluir
  4. Enquanto o sangue escorre dos teus versos, eu me deleito em tuas palavras. Talvez esse de alguma forma seja um sangue bento.

    Voltei com o blog. bjs

    ResponderExcluir