18 abril 2010

Fernando Pessoa e Seus Passos da Cruz XIV (e Último)

Continuo postando os sonetos de Passos da Cruz de Fernando Pessoa, conforme explicado na seguinte postagem: http://artedofim.blogspot.com/2009/12/fernando-pessoa-o-predestinado-passos.html . Este é o passo XIV e, portanto, o último. Na imagem, o quadro " Cristo de São João da Cruz" de Salvador Dalí.

Passos da Cruz - Soneto XIV

Como uma voz de fonte que cessasse
(E uns para os outros nossos vãos olhares
Se admiraram), p'ra além dos meus palmares
De sonho, a voz que do meu tédio nasce

Parou... Apareceu já sem disfarce
De música longínqua, asas nos ares,
O mistério silente como os mares,
Quando morreu o vento e a calma pasce...

A paisagem longínqua só existe
Para haver nela um silêncio em descida
P'ra o mistério, silêncio a que a hora assiste...

E, perto ou longe, grande lago mudo,
O mundo, o informe mundo onde há a vida...
E Deus, a Grande Ogiva ao fim de tudo...

7 comentários:

  1. "E Deus a grande ogiva ao fim do mundo".
    Bem a frente do seu tempo...

    ResponderExcluir
  2. Sinto-me lisonjeada com sua visita ao meu blog. Resolvi retribuir a gentileza e com que surpresa descobri teus poemas, voltarei sempre. Um beijo, Ana

    ResponderExcluir
  3. O que são minha palavras perto das palavras de Pessoa(s)?


    Beijos,
    Ry.

    ResponderExcluir
  4. bellísimo tu criterio de estètica entre imágen y texto...
    Es una de las cosas que que tambien admiro, la elecciòn de las imágenes y música que acompañan su blog y sus letras!Mis respetos y admiración de siempre.Sabe ser un gran artista hasta en la elección de las imágenes.

    ResponderExcluir
  5. Meu querido amigo

    Que maravilha...Pessoa é imortal.

    Beijinhos
    Sonhadora

    ResponderExcluir
  6. Esta é uma das minhas pinturas favoritas do Dali!
    Casada com os versos, ficou perfeita!

    ResponderExcluir