quero apagar mas apagar de um modo
que quando acorde já não seja eu todo:
todas aquelas coisas sossegadas
que do que esperam só recebem nadas
que sabem que ter é beber espuma
como quem olha para o céu e fuma
sentadas pelas beiras das estradas
essas coisas de tudo tão cansadas
a ver quem passa se matar nas curvas
e quem chega não encontrar nenhuma
a se aguardar num sol já quase posto
que não se acabem os invernos de agosto
que as noites vindas já não tenham fim
que sempre fosse sempre fosse assim
e que se achasse em sangue o amor já morto
ao soprar de asas de um voar de corvo
todas aquelas coisas sossegadas
que já viram Deus e só são fantasmas
que desceram para tomar um vinho
e quando viram vinha o Fim sozinho
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