26 junho 2014

Adeus, Poesia

I

adeus, Poesia

não vês
que o fim te bate a porta?
só os raros ainda vivos
não pensam
que tu estás morta

II

Poesia
não serves para nada
sempre foste muito
para ser (f)útil

sábia demais
para os sermões

e alta
entre os anões

III

da tua última carta
mais ninguém
abrirá o selo.
melhor assim...
o que verdade
(agora)
antes morrer
do que dizê-lo

IV

adeus, Poesia
abandonas o mundo
para ir com a alma
que abandona os homens

e isto ficará escrito
em sangue 
e espírito

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