27 junho 2014

A Hipócrita e Midiática Punição de Suárez

O "caso Suárez" na Copa do Mundo não foi uma punição de uma agressão, foi o atendimento estúpido de uma demanda artificial da mídia que, por achar o caso inusitado e ver nele uma forma de "ganhar ibope" deu atenção demasiada a uma agressão sem maiores consequências para a vítima, enquanto vemos em jogos, todos os dias, agressões bem mais sérias, com potencial ofensivo e risco para o agredido muito maior. E que, muitas vezes, não resultam nem em cartões para os agressores. Muito menos em uma punição absurda de 9 jogos, privando uma seleção de seu melhor jogador em uma Copa do Mundo. 

Sim, porque quais as consequências da mordida do Suárez em Chiellini? Uma dor momentânea, passageira e uma marquinha de dentes no ombro. Talvez, sangrasse um pouquinho. Só. Nada mais além disso poderia acontecer. Agora, a cotovelada de Neymar em um jogador da Croácia, por exemplo, poderia ter quebrado os dentes, até mesmo o nariz, da vítima. Poderia lhe lesionar um olho. Mas nem falta foi marcada, e ninguém viu nem se mostrou nada. Porque isso acontece todos os dias.  Não foi algo "diferente", como a mordida de Suárez, que foi tomada como mais um showzinho para a hipócrita "Sociedade do Espetáculo se "impressionar" com a "violência" de Suárez. 

O trecho abaixo, retiro da coluna de Hiltor Mombach, no jornal Correio do Povo:

"... o lance envolvendo Marchisio e Arévalo Rios, aos 14 minutos finais. O italiano levanta a perna, enfia o pé na canela de Arévalo e, não satisfeito, pressiona com a clara intenção de machucar o rival. Machucou, apenas, quando poderia ter quebrado a perna. Pela solada que poderia ter aleijado Arévalo, Marchisio levou o vermelho. Ficou nisto. "

Injustiças como a cometida pela FIFA, no fundo, nem são culpa da entidade. É culpa de uma sociedade que elevou a hipocrisia e a aparência a patamares absurdos, onde o diferente é punido pelo simples fato de ser diferente dos "padrões estabelecidos". A agressão de Suárez foi uma agressão? Claro. Foi violenta? Não, foi diferente, inusitada. O jogador foi punido por isso. E ponto final.

Porém, creio que agora a garra e a força uruguaias, com esse episódio, serão triplicadas para compensar a ausência de Suárez, e, de uma certa forma, vingar a injustiça. É para o Uruguai que torço. Inclusive, se jogar contra o Brasil. 

4 comentários:

  1. De pleno acordo com o que colocastes, caro Al. Hipocrisia pura + autoritarismo exacerbado da fifa (com letras minúsculas, mesmo)... Abraço!!

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  2. Concordo.
    Não precisavam isolar o rapaz.
    bastava que lhe impusessem uma focinheira.

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  3. Sem ingressar no "mérito" da punição ser (ou não?) excessivamente rigorosa para um lance sequer percebido pela arbitragem...

    Sim, pois, não fosse a mídia voraz, passaria desapercebido...
    A mesma mídia OCULTA lances dantescos, do pastelão ao atentado ao pudor, acontecendo dentro da área quando é batido o escanteio. É um tal de um jogador enfiando o dedo no feofó do outro e a Fifa faz nada...

    Voltando ao banimento da competição, essa prática possui precedentes no esporte desde a organização ocidental nos Jogos Olímpicos a partir de 776 a.C. - saiba mais no material didático de Direito Desportivo, iniciando por http://www.padilla.adv.br/desportivo/jogos/

    O banimento é usual nos esportes de origem oriental, como o Karate.
    Desde 1985 começou uma intensa evolução nas regras do Karate para ser definitivamente aceito como modalidade Olímpica e participar de todos os Jogos continentais, desde 1995, quando a primeira participação do Karate, nos Jogos do Comite Olímpico, ocorreu em Buenos Aires, em 1995...



    Mais evoluções, a, na 109ª Sessão, o reconhecimento da Federação Mundial


    Pois bem, no trabalho da arbitragem, cuja evolução das regras pode ser vista em http://padilla-luiz.blogspot.com.br/2001/04/esporte-karate-regras.html

    As regras do Karate mudaram muito, como demonstramos no trabalho no link acima, contudo, nunca se alterou o SHIKAKU, que consiste em uma falta gravíssima por atitude que contraria o espírito da modalidade e do esporte e o atleta é expulso não apenas daquela partida, é banido de toda a competição.

    Nos 24 anos de minha carreira de árbitro iniciada em 1990, devo ter arbitrado em torno de umas mil disputas, considerando uma média de 50 por ano, e presenciei dez vezes mais. Nunca vi alto tão fora do contexto quanto essa mordida...

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  4. Acho que foi uma medida muito dura, desproporcional. Basta ver os trancos que os outros dão, os carrinhos sem bola, os golpes na coluna, na cabeça. E daí? Nada? A Fifa é muito pretensiosa, manda em tudo e em todos. Teria de ter menos poder. Não sei como aplicaram uma penalidade de 9 meses fora de jogos, mais a impossibilidade de,sequer, de entrar num campo e mais 250 mil reais. E não sei mais o quê. Acabaram com a vida do rapaz. Dar o exemplo pra quem?

    Abraços.

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