09 julho 2013

Não Sirvo* (Poema Antissubmissão)

vós me perguntastes
em algum (de nenhum) tom
entre o fútil e o vago
(como se perguntar
respondesse algo)
o para quê?
serviria um poeta

respondi
(como se nem estivesse aqui)
que poeta
(se poeta)
não serve pra nada
e não serve a ninguém

poeta
(estando sempre em riste)
é o que ainda resiste
em ser-se

a função do poeta
é ser o ser em si
num mundo
onde todos são como todos
e ninguém é ninguém

sou-me
(ainda
que em um além)...

mas jamais
ser-vos


* Tendo em vista a onda de submissão e subserviência em Santiago, republico este poema.

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