ser odiado
e durante o almoço
pôr o garfo na ferida
é o ato mais difícil
desta vida
seja odiado
como quem é ousado
em sair do trilho
e pôr em frente
a todos
(inclusive a si)
a verdade de um espelho
e mostrar que não há dentes
para a crueza do milho
seja odiado
diga a quem ama
que em geral este amor
vai pouco além
que prazer na cama
e lembre que ele morre
assim como anoitece o dia
assim como adoece o corpo
que envelhece a pele
e se esvaece a alegria
lembre-lhes que a realidade
asfixia qualquer utopia
seja odiado
lembre-lhes que os finais vêm
e um outro algo
ainda mais além
e que tudo passa e se degenera
sejam gregos sejam romanos
lembre-lhes que cavalga a morte
no temporal dos anos
e que a bela
se torna velha
seja odiado
mostre ao menos um sinal
que quem pensa
o melhor de si ou de todos
não sabe
do próprio mal
dê a César o que é de César
e a Bruto o que é de Bruto:
seja odiado
seja justo
Eu sou odiada por muito menos que isto.
ResponderExcluirbeijos!!!
Hermoso espacio! gracias por dejar la huella que me ha permitido conocerlo. Un placer estar aqui... te sigo.
ResponderExcluirUn abrazo desde otra luna
Sensacional! Disseste tudo e mais um pouco.
ResponderExcluirUm maravilhoso poema... gostei da verdade e da crueza que ele passa. Mas sabe, acho que, muitas vezes, basta existir e viver a própria vida para que nos odeiem!
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