11 dezembro 2012

da Simplicidade


o dia de ontem
era insuportável
péssimo
horrível

o clima de ontem
era insuportável
o tempo péssimo
o calor horrível

e o era tanto
que não havia
quem se sentisse bem
e tanto o era
que como estava
nem se podia
se ir além

então à noite
veio uma tormenta
que mudou tudo
derrubando céu
e arrancando toco:
era o medo, o caos, o soco

mas depois
como foi melhor
o dia seguinte
(ainda
que em meio à ruína)

o fim
(o Fim)
é isso

simples
assim

5 comentários:

  1. Al, pensei em você ainda ontem, antes da tormenta chegar. Pensei na tormenta marcando a entrada do 12/12/12. Como você descreveria o "fim do mundo" anunciado e desmentido por uns e outros? Tenho um poema dos idos de 80, que guardo com apreço nalgum dos meus baús de saudades, que principia assim: "e seremos/ ah, sim, seremos/ entre sombras e espantos/ os restantes..." Não lembro a continuação exata, mas ele coloca os poetas como os únicos sobreviventes de um fim de mundo. O poema não descreve como se daria esse fim, apenas a imagem do caos, após o fim. Então estou eu, aqui a te propor este desafio: poetizar o tão falado fim do mundo... como se daria?

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  2. Tá, eu fico tirando a maior onda desse negócio do mundo acabar, mas confesso, vi o filminho do seu poema e não curti não... Deu medinho, mas só um pouquinho.

    E sempre o verbo. E sempre forte. E sempre sangrando a palavra. Você é incrível.

    Abraços.

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  3. O dia ruim
    a tormenta do devir
    o verso teleológico
    apocalíptico
    enfim
    o fim
    fim do poema
    mas que no verso
    traz um novo tempo
    apesar das ruínas
    a história não terminou.


    Luiz Alfredo - poeta

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