06 agosto 2012

Não, pelo Contrário

a palavra
quando bem dita
(e sempre melhor se maldita)
é o que não se espera dela:
a palavra que fala
é a que não está escrita

um pulso do que se passa
de outro lado por outro além
sombra cristalina
do que não se encontra
desde o submerso da atlântida
até as muralhas da china

a minha palavra
que agora te intenta atingir
tingi-te de outro vinho
algo a mais que (dis)tinto
que tu não vês:
a poesia é um invisível assangrado
entre o de mim
e o em vocês

surge do que não se quer
amargo do que não se aceita:
poesia que é tanto mais sublime
quanto mais a vida é imperfeita

a poesia
é um ar que trago
mas não respiro
por isso que errei em tudo
para acertar com  a palavra
como se fosse um tiro

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