imagem que vejo o que tu não és
em teu não-ser é que estou:
a felicidade
(assim, isolada)
é aquilo que imagino que está
no que não está em ti
sou feliz no reflexo de mim
que reflexiono em tua ausência:
tu só podes ser
se te sinto na minha consciência
imagem que vejo o que te projeto
o meu sonho é o sonho que tu não tens
eu que sinto o teu não sentir
e tu vives por sentir em mim
e tu sonhas quando vivo em ti
sorrio quando povoo a tua ausência
tu só podes ser
se eu te sou a tua essência
imagem que vejo o que desejo
há outro mundo em ti que não habitas:
sou eu que astro o teu éter
eu que piano o teu canto
uma lágrima ao que em ti silência
imagem do meu alto
a minha alma
compensa a tua ausência
Quando o Ser não está, nós o fazemos à nossa imagem, talvez semelhança, mas sobretudo, desejo.
ResponderExcluirUm bom domingo, Reiffer.
Gostei. Vc usou o verbo reflexionar. neste momento, contemplando o seu poema, veio-me à mente não um ser em reflexões, mas em inflexões. E nessas inflexões é que, para mim, está a beleza delicada deste poema.
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