Hoje, comemoramos 210 anos de Victor Hugo, o gênio literário que criou umas das maiores obras-primas da literatura universal, "Os Miseráveis", monumental romance profundamente humano, no sentido mais amplo da palavra. Em homenagem ao grande gênio francês, deixo um trecho de "Os Miseráveis", em que Javert, o rígido, o corretíssimo e cego pelo cumprimento da lei, o policial Javert, acaba devendo a salvação de sua vida a um condenado pela própria lei, o inesquecível Jean Valjean. Que Javert tinha obrigação de prender. O trecho abaixo é uma pungente reflexão sobre o que seria a lei e o que seria a justiça, entre o que é correto e o que é justo. Seriam a mesma coisa? O que é a lei? O que é a justiça?
"Dever a vida a um malfeitor, reconhecer esta dívida e pagá-la. (...) Sacrificar a motivos pessoais o dever, que é uma obrigação geral; atraiçoar a sociedade para se considerar fiel à consciência.
(...)
Havia uma coisa que lhe causara pasmo - o ter-lhe Jean Valjean o perdoado; e outra que lhe petrificara - o ter ele perdoado Jean Valjean.
Que deveria então fazer? Entregar Jean Valjean era mal feito. Deixar Jean Valjean em liberdade era mal feito também. No primeiro caso, caía o homem da autoridade mais abaixo do que o homem da galé. No segundo caso era a lei pisada por um forçado, que se elevava acima dela. Em todas as resoluções que pudesse adotar havia queda.
O que acabara de fazer lhe causava calafrios. Tinha ele, Javert, achado bom o decidir, contra todos os regulamentos de polícia, contra toda a organização social e judicial, contra o código inteiro, a soltura de um preso; sobrepusera os seus próprios interesses aos interesses públicos.
(...)
Não era uma coisa medonha que Javert e Jean Valjean, o homem nascido para empregar o rigor, e o homem nascido para o suportar, que eram um e outro propriedade da lei, chegassem ao ponto de se colocarem acima dela!
(...)
Jean Valjean desnorteava-o. A generosidade de Jean Valjean para com ele esmagava-o. (...) Um malfeitor benfazejo, um forçado compadecido, clemente, pagando o mal com o bem, dando o perdão em troca do ódio, antepondo a piedade à vingança, preferindo perder-se a perder o seu inimigo, salvando aquele que o ferira, mais vizinho do anjo do que do homem. Javert via-se constrangido a confessar a existência de um tal monstro. "
REIFFER!
ResponderExcluirMaravilhoso post! Me deu vontade de reler. E vou fazê-lo!
Beijos
Mirze
Eu A-M-O Victor Hugo,e te recomendo um outro livro magnífico dele "O último dia de um condenado a morte" ,se não leu ainda,deveria ler.
ResponderExcluirEssa atemporalidade é que faz de uma obra um clássico universal. Excelente, Reiffer! Um cálice do precioso vinho da literatura de Victor Hugo.
ResponderExcluirbeijo!