06 dezembro 2011

um Punhado de Abandono

“deixaram-me só
como quem sopra
ao rosto de quem vê
o seu próprio sono
um punhado de abandono
e um beijo transformado em pó

dos teus pulsares aos meus olhos
um punhado de abandono
dos teus olhares ao meu sangue
um beijo transformado em pó
dos teus pensares ao meu peito
um beijo de abandono
dos teus sonhares à minha alma
um punhado me soprado em pó

olhas com medo e distância
para a minha transgressão
para o meu ser que não é o teu
e deixas-me um sopro de não
carregado de vazio e falência
que no caminho se perdeu...

do Alto
de minha solidão
fito quem não me fita
observo os servos
de toda uma civilização que...
do Alto
da minha sina maldita

no meu olhar há paz e tormento
e no céu do meu abandono
em indiferença à tua sentença
eu me sustento...”

do Alto
de sua melancolia
isso
um Urubu dizia...

6 comentários:

  1. Um urubu? Ora, veja só, que interessante!

    Este é pra se ler outra vez.

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  2. Esse calou fundo.

    "no meu olhar há paz e tormento
    e no céu do meu abandono
    em indiferença à tua sentença
    eu me sustento..."

    Magistral.
    Abraços.

    PAZ e LUZ

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  3. Intenso-humano!

    Jogado ao vento, ao relento de sentimento-não!

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  4. Vivo do tormento,
    a sondar, a rondar,
    A carne fraca e
    sobrevivente
    Resto podre
    Alimento Cru
    Cruel
    É minha alma de urubu.

    Seu poema é denso, tocante, chocantemente belo!


    Um beijo.

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  5. Poema de palavras atormentadas, no entanto, de um peso só. Eu gosto de poemas assim e o seu me atingiu feito espada de dois gumes. Muito bom, poeta! Ainda me ponho a pensar...

    Beijos!

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