aqui estou perdendo meu tempo
(mas como diria Fernando Pessoa:
o que é o tempo para que eu o perca?)
e com prazer perco meu tempo
aspirando pelo nariz o delicioso
veneno de um cigarro
despejando pela garganta o consolo
delirante de um vinho...
tocando em sonhos absurdos
buscando as antigas inspirações
que não inspirarão ninguém
entendendo toda a humanidade
sem sair da minha preguiça
mergulhando no irreal da minha noite
que nada há de mais real
que o que pode ser imaginado...
aqui observo indiferente
a falsa felicidade de todos
que talvez seja ainda pior
que a minha autêntica tristeza...
enjoando de ser ser humano
engenhando aqueles planos
que por mais que façam sucesso
não me trarão sucesso algum...
lembro do tempo em que eu me esquecia
e escrevo algumas linhas
que são ainda mais esquecimento...
por que devo fazer alguma coisa à humanidade?
ser produtivo
é um ato falho
por isso é que não produzir nada
é o meu mais difícil trabalho.
Poema hedonista! Poema consciente! Poema vivo! Da vida, e de como ela nos parece ser...
ResponderExcluirMuito bom! Você manda muito bem!
Abraço!
e vamos vivendo...
ResponderExcluirbom.
beijos
Gostaria de ter escrito este poema, sensacional! Beijo
ResponderExcluir"lembro do tempo em que eu me esquecia
ResponderExcluire escrevo algumas linhas
que são ainda mais esquecimento..."
Esta parte foi ótima.
Há tanto, que a gente se confunde no meio e acaba afogado, né.
Até o nada, hoje, não consegue ficar parado.