graxaim atropelado
pela estrada
ninguém derramou uma lágrima
sobre teu sangue esparramado:
para quem passa rápido
tu és apenas um nada
tu sendo um
és todos
que deixaram de ser
para que fosse o progresso
ninguém se importa:
a tua existência no mundo moderno
é inútil e é um excesso
sobre a tua vida esmagada
soprou o leve da brisa
dos sorrisos dos que passam
pensando em um beijo na noite
ou em dormir com a consciência dos justos
ou numa festa pela madrugada
sobre a tua vida esmagada
eu mesmo...
eu fiz o quê?
nada
só um poema
que também será nada
para quem lê
Nunca percebemos e muito menos damos valor aos sacrifícios alheios. Verdade.
ResponderExcluirUm beijo.
Al Reiffer, não especificamente em relação a esse texto, que também me diz, mas diante de alguns outros teus (vários) é que qualquer um poderia se sentir como esse graxaim da foto: um nada, uma coisa morta e imprestável. É simplesmente impossível sair ileso do teu blog.
ResponderExcluirCara, que poema! é de uma indignação notável, pra maioria realmente tudo é descartável, que se usa do jeito que quer, ou não se usa e deixa passar "validade", e se joga fora, se fere, se contamina.
ResponderExcluirpra mim acho que passou uma ideia, uma ideia pra quem fecha os próprios olhos por opção.
adorei
É como vemos o quanto uma vida hoje em dia é insignificante... E infelizmente, quem faria algo? Além da indiferença de quem não se importa, a pena de quem não pode fazer nada. =(
ResponderExcluirSeu poema sempre chega com o toque que tira o nada e faz com que eu pense no tudo. Gostei muito.
ResponderExcluirUm beijo
Denise
Al Reiffer,
ResponderExcluirAqui ficou uma nota, um poema para um graxaim esmagado e o pouco caso que se dá a vida e aos animais. É lógico que suas letras surtem efeito, mas quando eu vejo o descaso com vidas humanas sendo esmagadas, eu me revolto tanto quanto você. Lembro do jovem que caiu do telhado de sua casa, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. O rapaz percorreu cerca de 90km, depois de passar por 5 hospitais por falta de atendimento e socorro, Gabriel Santos de Sales, de 21 anos, morreu. Mais uma vida esmagada, esmagada como a vida do graxaim. Um forte abraço, gosto muito do seu estilo. Bjs!
Oi! Você comentou lá no meu blog no post do Ulisses Borges: "Gostei do teu estilo tem força, tem expressividade..." Não entendi se foi uma mensagem para ele ou para mim! Costumo garimpar de outros blogs somente as coisas que eu considero realmente boas, de qualquer época que seja, dos mais diversos autores. Você, como o Ulisses Borges, foi outra bela descoberta para mim. Posso postar algumas coisas suas por lá também? Um grande abraço pra você também! Você é muito bom.
ResponderExcluirAl Reiffer meu querido.
ResponderExcluirDe alguma forma teu poema tocou cada um que leu.
Podemos não fazer nada, é verdade. Mas o sentimento de culpa por esse "nada" fica e isso vale algo.
Na hora q li de imediato lembrei de um acidente q aconteceu cmg no começo deste ano na estrada q liga minha cidade à Salvador.
Um animal atravessou a pista e batemos nele, por sorte não tivemos nada só o carro!
Enfim, na hora meu irmão até foi olhar se o animal tinha ficado vivo, mas não!
Enfim, isso só mostra como a vida pode acabar em frações de segundo e que de certa forma temos q dar mais valor.
Abraços e Ótimo Domingo =*
Parabéns pelo poema!
Esta falta de lugar num mundo tão cheio de gente e coisas como o nosso, tudo e todos parecem (devem ser) irrelevantes.
ResponderExcluirbeijo