10 junho 2011

um Trago do que Sinto

talvez deixasse aqui
o que sinto no momento...
mas é claro que não conseguiria:
sempre seria mais rápido
ou mais lento
e tudo o que escrevesse
não seria o que seria dito
não estaria meu ser
se estivesse meu eu
e vice-versa...
não sou
o que escreveu...

e por que beber do que sinto
se em tudo que trago minto?
é sempre pior do que falo
é sempre mais do que digo
não poderei nem assim
estar a sós comigo...

então deixo o que há mais
e que entendam os loucos
os fracassados os insensatos
e os transcendentais

escrevo o que não consegui
que é para a poesia ser
sem o meu eu
e deixar-me com o meu nada
e o meu ninguém:
deixo que a arte
se eternize
bem mais além...

5 comentários:

  1. Me sinto falando nesse poema,
    me sinto sentindo nesse poema,
    me sinto esse poema,
    Sinto esse poema,
    no ser,
    na alma desse poema.

    Verdade demais.

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  2. De uma tristeza profunda doce e bela... O expressar do que, no fundo, mesmo que dito, jamais seria compreendido...

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  3. A tristeza dará lugar a felicidade...beijo Lisette.

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  4. É arte é o que nos finca, o que não fica em nós.

    Abraço!

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