mesmo com sorrisos
o pulso não para de pulsar
como os pulsares
das galáxias distantes
que vivem luzem morrem
os pânicos instantes...
além da nossa pelo cosmos
há uma outra contradança
que não cessa não descansa
e nos alarma em hora em hora
se pulsa o baile aqui dentro
há um baile que sangra lá fora...
o passo a passo sangra aos poucos
de minuto a minuto
como a fumaça vagalenta
do sânguino charuto...
e há sempre aviso pregado
na porta do alegre do mundo
que (h)à noite em vertigem vigia
de segundo a segundo:
pulsares de relógio é o que resta
quando se tem de tirar a máscara
no enfim da festa...
Sempre chega a hora de retirarmos a máscara. O que não podemos garantir, é que não exista outra embaixo desta e mais outra e mais outra...
ResponderExcluirVale a dúvida
Um grande bj querido amigo
É uma assunto bem abordado por você, inspirado em um dos maiores faróis do mundo.
ResponderExcluirNada mejor, como quitarse las mascaras, para ser verdaderamente uno. Saludos.
ResponderExcluir"...se pulsa um baile aqui dentro
ResponderExcluirhá um baile que sangra lá fora..."
Uma das características de Poe era a ausência de críticas, de engajamento,o contrário de seus contemporâneos, porém, nesse conto, creio que há uma crítica velada, mesmo que ele não o soubesse.
Seu belíssimo poema é isso também, creio. Uma crítica velada ao que acontece hoje, e uma linda homenagem à minha paixão de duzentos anos...
Preciso dizer que adorei? rs
Abraços!
Sempre tem outra coisa coisa acontecendo...
ResponderExcluirMuito bom
beijos
Há tempos nao visito aqui..
ResponderExcluirsempre afluente e firme.
Interessante a fonte do cosmo de Poe e seu minuto pulsante..
abraç
‘Como os escribas continuarão, os poucos leitores que no mundo havia
ResponderExcluirvão mudar de profissão e adotar também a de escriba. Cada vez mais os países serão compostos por escribas e por fábricas de papel e de tinta, os escribas de dia e as máquinas de noite para imprimir o trabalho dos escribas. Primeiro, as bibliotecas transbordarão para fora das casas; então, as prefeituras resolvem (já estamos vendo tudo) sacrificar as áreas de recreação infantil para ampliar as bibliotecas. Depois sucumbem os teatros, as maternidades, os matadouros, as cantinas, os hospitais. Os pobres aproveitam os livros como tijolos, grudam-nos com cimento e constroem paredes de livros e moram em casebres de livros. Então acontece que os livros transbordam das cidades e entram nos campos, vão esmagando os trigais e os campos de girassóis, o Ministério da Viação mal consegue que os caminhos fiquem desimpedidos entre duas paredes altíssimas de livros. Às vezes uma parede cede e há espantosas catástrofes automobilísticas. Os escribas trabalham sem trégua porque a humanidade respeita as vocações e os impressos já chegam à beira domar. O Presidente da República telefona para os presidentes das repúblicas e propõe inteligentemente jogar no mar o excedente de livros, o que se faz ao mesmo tempo em todas as costas do mundo. Assim os escribas siberianos vêem seus impressos jogados no oceano glacial e os escribas indonésios etc. Isto permite aos escribas aumentarem sua produção, porque volta a haver espaço na terra para armazenar livros. Não pensam que o mar tem fundo, e que no fundo do mar começam a amontoar-se os impressos, primeiro em forma de pasta aglutinante, depois em forma de pasta aglutinante, depois em forma de pasta consolidante e, finalmente, como um chão resistente embora viscoso,que sobe diariamente alguns metros e acabará por chegar à superfície. Então,muitas águas invadem muitas terras, produz-se uma nova distribuição de continentes e oceanos, e presidentes de diversas repúblicas são substituídos por lagos e penínsulas, presidentes de outras repúblicas vêem abrir-se imensos territórios a suas ambições etc. A água do mar, tão violentamente obrigada a espalhar-se, evapora-se mais do que antes, ou procura repouso misturando-se aos impressos para formar a pasta aglutinante, a tal ponto que um dia os capitães delongo curso percebem que seus navios avançam lentamente, de trinta nós descem para vinte, para quinze, e os motores arquejam e as hélices se deformam. Afinal,todos os navios param em diferentes pontos dos mares, encalhados na pasta, e os escribas do mundo inteiro escrevem milhares de impressos explicando o fenômeno,cheios de uma grande alegria...
...
ResponderExcluirOs presidentes e os capitães resolvem transformar os navios em ilhas e cassinos, o público vai a pé, por cima dos mares de papelão para as ilhas e os cassinos onde orquestras de música típica argentina e de música local amenizam o ambiente refrigerado e se dança até altas horas da madrugada. Novos impressos se amontoam à beira do mar, mas é impossível metê-los na pasta e assim crescem muralhas de impressos e nascem montanhas à beira dos antigos mares. Os escribas percebem que as fábricas de papel e de tinta vão falir e escrevem com uma letra cada vez menor, aproveitando até os cantos mais imperceptíveis de cada papel.Quando a tinta acaba, escrevem a lápis etc; ao acabar o papel, escrevem em tábuas e ladrilhos etc. Começa a difundir-se o hábito de intercalar um texto em outro para aproveitar as entrelinhas, ou se apagam com lâminas de barbear as letras impressas,para utilizar novamente o papel. Os escribas trabalham devagar, mas são em tal quantidade que os impressos já estabelecem uma nítida separação entre as terras e os leitos dos antigos mares. Na terra vive precariamente a raça dos escribas,condenada a extinguir-se, e no mar estão as ilhas e os cassinos, isto é, os transatlânticos onde se refugiaram os presidentes das repúblicas, e onde se celebram grandes festas e se trocam mensagens de ilha a ilha, de presidente a presidente, e de capitão a capitão.’
Fim do mundo do fim/ JÚLIO CORTAZAR em Histórias de cronópios e de famas
MAIS BEIJINHOS MEUS!
as vezes se usa a mascara por tanto tempo que vc não se lembra de quem é por baixo.
ResponderExcluirja estou seguindo!
http://downfodas.blogspot.com/
Amo ler vc...Abraço.
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