12 março 2010

Quando?

quando à manhã de céu azul
cruzará aquela ave sombria,
se eu trago uma vela no escuro?
eu escrevo com o que procuro...

se eu pudesse sonhar, dormiria.

quando incensarão pela tarde
as tulipas que eu te colhia,
se eu trago uma espada no braço?
eu escrevo com o que não abraço...

se eu te pudesse mirar, pintaria.

quando aos fluidos deste ocaso
encherei esta taça vazia,
se eu trago uma brasa na testa?
eu escrevo com o que me resta...

se eu te pudesse falar, cantaria.

quando virão na minha noite
sonatas da morte do dia,
se um beijo nos lábios sustenho?
eu escrevo com o que não tenho...

se eu te pudesse viver, morreria.

6 comentários:

  1. Realmente é um poema belíssimo, de grande expressividade e originalidade de linguagem.

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  2. Meus parabéns... És um escritor de mão cheia... escrve muito bem... Vou seguir e visitar sempre que puder...

    Abraços
    Andrei (Mr Lonely forever)

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  3. "eu escrevo com o que me resta...

    se eu te pudesse falar, cantaria."

    Docemente sublime. Amei *.*

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  4. 'quando virão na minha noite
    sonatas da morte do dia,
    se um beijo nos lábios sustenho?
    eu escrevo com o que não tenho...'

    Sensível e triste. Mas belo.

    bjs
    tais luso

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  5. Bom demais, sem plavaras, poeasia de qualidade! Volto mais vezes!

    Abraços

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