05 março 2010

Fernando Pessoa e seus Passos da Cruz IX


Continuo postando os sonetos de Passos da Cruz de Fernando Pessoa, conforme explicado na seguinte postagem: http://artedofim.blogspot.com/2009/12/fernando-pessoa-o-predestinado-passos.html . Na próxima semana, o 10º passo. Na imagem que acompanha o poema, o quadro "O Naufrágio" de William Turner.

Passos da Cruz - Soneto IX

Meu coração é um pórtico partido
Dando excessivamente sobre o mar.
Vejo em minha alma as velas vãs passar
E cada vela passa num sentido.

Um soslaio de sombras e ruído
Na transparente solidão do ar
Evoca estrelas sobre a noite estar
Em afastados céus o pórtico ido…

E em palmares de Antilhas entrevistas
Através de, com mãos eis apartados
Os sonhos, cortinados de ametistas,

Imperfeito o sabor de compensando
O grande espaço entre os troféus alçados
Ao centro do triunfo em ruído e bando…

5 comentários:

  1. Olá, boa noite!

    Comprei recentemente um livro onde foram reunidas algumas das criações de Fernando Pessoa. Estou gostando muito. Cito um trecho:

    "Navegadores antigos tinham uma frase glorioa: 'Navegar é preciso, viver não é preciso".
    Quero para mim o espírito desta frase, transforamada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar."

    abçs
    Adriana

    ResponderExcluir
  2. Ler Fernando Pessoa é uma delicia.

    Um convite: essa semana no Dea e o Mundo textos inéditos de autores convidados, sobre a mulher,em vários estilos de trabalhos, fotos, contos, poemas, tirinhas, venha conferir.
    Um beijão.A cada dois dias trabalhos novos.

    ResponderExcluir
  3. fernando pessoa é das mentes mais brilhantes que surgiram.. li o livro do desassossego e acho que não há palavras para tamanha genialidade..

    um obrigada muito sincero pelo comentário :')

    ResponderExcluir
  4. "O Naufrágio" de William Turner já é, por si só, uma obra dramática. Ilustra muito bem alguns poemas de Fernando Pessoa:

    'Que triste à noite, no passar do vento,
    O transvasar da imensa solidão
    Para dentro do nosso coração,
    Por todo o nosso pensamento'.

    (Poesia/Companhia das Letras-1918,1930)

    Bela postagem, a sua.
    Fernando Pessoa é irresistível a tudo que é incerto, vago e indefinido.

    Bjs
    Tais luso

    ResponderExcluir