25 maio 2020

Deixa que Durmam

Sol, para que fazer que acordem
os que não ouvem nenhum acorde?
as mulambentas múmias humanas
marionetes mancas mecânicas
aquelas
no que resta do que são elas
entre poeiras e esteiras
caviar e mortadela.

em seus vazios plenos de pena
o sorriso do sucesso amarelo 
enfeites entre as duas orelhas
intervalos vãos das cabeças
descabidas guilhotinadas.

Sol, para que iluminas?
que luz entrará pelos porões de ratos
dos corações humanos?
arrebentados corações humanos
com seus fúteis inúteis trabalhos.

Sol, para que ainda brilha nesses olhares
por entre ruas pátios e lares?
para que clarear
o abismo da nossa derrota esquecida?
ninguém mais quer saber de vida.
deixa-nos e vai além
para que nascer para todos
se já não iluminas ninguém?

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