13 março 2020

Postagem de Sexta-Feira 13: a Relação entre a Extinção dos Abutres Asiáticos e o Coronavírus

Qual a relação entre o surgimento de novas doenças e o desaparecimento de abutres ao redor do mundo, principalmente na Ásia e na África?  O texto seguir, publicado originalmente em agosto de 2017, poderá dar alguma explicação. Lembrando: 99% da população de abutres asiáticos desapareceu.

Abutres e urubus não são propriamente animais simpáticos para a grande maioria das pessoas. Quem gostaria de ter um de estimação? Eu, no entanto, nutro uma enorme simpatia, e mais, uma admiração profunda por esses sombrios, majestosos e IMPRESCINDÍVEIS animais do luto. Mas luto mesmo é saber que, em nosso planeta, o qual já perdeu, em número, segundo estudos, cerca da METADE de seus animais selvagens, abutres e urubus estejam agora correndo risco de extinção em várias de suas espécies.  A situação é mais grave na Ásia, África e Europa, e a culpa, é claro, é do homem. A causa principal é um anti-inflamatório veterinário: o diclofenac. No Brasil, POR ENQUANTO, eles estão a salvo, com exceção do Urubu-Rei, espécie quase extinta.

 As chamadas "aves da morte" são os "limpadores" da natureza, evitam a disseminação de doenças e de seus animais vetores (ratos, moscas, baratas). Algumas  dessas doenças, provavelmente, nem ainda são conhecidas. Sua extinção poderia acarretar o surgimento de epidemias nunca antes presenciadas e fatais para o ser humano. 

Acompanhe a matéria a seguir, publicada no site Opinião e Notícia: 

"A população mundial dos abutres corre sério risco de extinção. Na África, por exemplo, das 11 espécies da ave que vivem no continente, seis estão em risco de extinção e quatro estão criticamente ameaçadas. Os dados são de um recente estudo da BirdLife International, instituição dedicada à preservação da natureza. A população de abutres na Ásia encolheu 99% desde a década de 1990. 

Em 2003, cientistas identificaram como causa para a redução um tipo de anti-inflamatório chamado diclofenac, usado para tratar gados. Abutres que se alimentaram da carcaça de gados tratados com a droga morrem de falência renal semanas pouco tempo depois. A Índia proibiu o uso do diclofenac após constatar que a redução da espécie no país estava ameaçando a cultura das comunidades parses indianas, que não enterram nem queimam seus mortos, mas os colocam em altas torres chamadas dokhmas para que sejam comidos pelos abutres. Paquistão e Nepal também baniram o medicamento, o que estabilizou a população de abutres na região. 

Mas o diclofenac continua sendo amplamente usado na África e brechas nas leis da Europa permitem sua comercialização em cinco países do continente, incluindo Espanha e Itália, onde vivem 90% da população de abutres da Europa. 

Na África o uso do medicamento contra abutres é intencional. Caçadores ilegais usam o medicamento para impedir que a presença de abutres exponha a localização das carcaças de animais caçados de forma irregular. Espalhada na carcaça dos animais caçados, a droga elimina os abutres. Em 2013, uma carcaça de elefante foi encontrada na Namíbia cercada por cerca de 600 abutres mortos. 

 A questão é tão crítica que está sendo discutida pelo Parlamento Europeu e pela ONU. 
Em outubro do ano passado, representantes da ONU se reuniram em Trondheim, Noruega, e concordaram em colocar 12 espécies de abutres na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza."

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