15 agosto 2018

Soneto Romântico

gritos de gatos nas almas da rua
e pelas noites meus olhos furados
restos de veias por todos os lados
rastros de sangue daqui até a lua

denso de cosmos nos ares flutua
quartetos de Brahms se erguem pesados
Johann Goethe traz em faustos meu fado
vejo sonatas de Schubert nuas

cravado meu coração nas tormentas
e todos meus nadas num vendaval
em que se fúriam misérias sedentas

do Último Tempo me alarda um sinal
de uma história de Poe das mais violentas
em que o Sentimento é sempre fatal

(Na imagem, um dos muitos tigres de Delacroix.)


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