09 julho 2017

Dessilêncio

olho aquele olhar que me olha
sem que dirija algum olhar
a nenhum lugar:
vejo-o lá
quando o olhar que me vê 
não o vejo
porque nem está

não se (h)ouve palavra.
no seu dessilêncio
verbo ausente do denso
que se pensa dito
e é o tudo:
só mais uma gota na taça
e o imenso do nada quanto se faça

o que é feito em verdade
é feito sem que se importe 
no deixe que se fale ou cale
é assim que ficará um sopro no alto
um passo no vale:
só serei o que sou
quando do mim mesmo
me estiver falto
e a um passo do falhe

aliás o de Olhar
não se diz de nenhum jeito
eu mesmo não falo de coisa alguma
e este poema
como bem podem (não) ver
nem chegou a ser feito

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