28 agosto 2016

"Eu insulto o burguês!"


Em um país governado, no momento, por uma plutocracia/cleptocracia, onde a totalidade das medidas tomadas vão contra os interesses da população em geral, em que elites toscas e reacionárias desejam o retrocesso para manter ou reativar os seus privilégios, onde capitalistas inescrupulosos não medem esforços para aniquilar os direitos trabalhistas e onde latifundiários mais inescrupulosos ainda seguem depredando a flora e a fauna brasileiras e abarrotando nossas terras e águas com seus agrotóxicos... o poema do grande Mário de Andrade, "Ode ao Burguês", escrito há quase um século, é mais válido do que nunca:

Ode ao Burguês (trechos)
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, 
o burguês-burguês! 
A digestão bem-feita de São Paulo! 
O homem-curva! o homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! 
que vivem dentro de muros sem pulos; 
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês 
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Morte à gordura! 
Morte às adiposidades cerebrais! 
Morte ao burguês-mensal! 
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! 
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! 
"Ai, filha, que te darei pelos teus anos? 
Um colar... Conto e quinhentos!!! 
Mas nós morremos de fome!

Mário de Andrade

2 comentários:

  1. Bem que todos que estão no estado, cada vez mais mandando são de esquerda hahaha.. bom, critico textos assim que falam mal do capitalismo, pois eu não vejo aonde que falha, pois essa grande maioria que julga são de paises onde o estado é gigante..

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  2. Não vês onde que falha?... Bom, as falhas começam na tua própria visão.

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