Fernando Pessoa foi uma fonte inesgotável de poesia. Era, na poesia, algo como Mozart na música: a arte fluía desses gênios desde muito cedo (desde a infância) e de forma assombrosamente abundante, numa inspiração quase sem interrupções. Viveu quase que exclusivamente para a poesia como Mozart viveu quase exclusivamente para a música. Ainda hoje, são encontrados obras inéditas de Fernando Pessoa, o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores de todos os tempos. Abaixo um dos seus perfeitos e enigmáticos sonetos:
Quem me roubou...
Quem me roubou quem nunca fui e a vida?
Quem, de dentro de mim, é que a roubou?
Quem ao ser que conheço por quem sou
Me trouxe, em estratagemas de descida?
Onde me encontro nada me convida.
Onde me eu trouxe nada me chamou.
Desperto: este lugar em que me estou,
Se é abismo ou cume, onde estão vinda ou ida?
Quem, guiando por mim meus passos dados,
Entre sombras e muros que me deu
A súbita fusão dos mudos fados?
Quem sou, que assim me caminhei sem eu,
Quem são, que assim me deram aos bocados
À reunião em que acordo e não sou meu?
Fernando Pessoa (que na imagem acima está preparando a alma para criar mais arte.)
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