É, nada. Num mundo cuja humanidade é cada vez menos humana, cada vez mais robótica, mecânica e desprovida de senso crítico e de sensibilidade, a poesia aos vai ocupando um lugar cada vez mais restrito. Deixo dois poemas abaixo que abordam essa temática. Antes, um trecho de Mário Pederneiras:
"É minha poesia que me isola do rastejo vulgar de toda gente...
Na sua estranha calma é que minha Alma se elevaE purifica."
com a muda
de árvore
nas mãos miúdas
espera o homem
(que nunca muda)
mudar o mundo
o homem que não-muda
entre a merda e o medo
e a poesia muda
como quem observa
um morto
como sendo grave
a poesia em silêncio
como sendo árvore
Adeus,
Poesia
I
adeus, Poesia
não vês
que o fim te bate a porta?
só os raros ainda vivos
não pensam
que tu estás morta
II
Poesia
não serves para nada
sempre foste muito
para ser (f)útil
sábia demais
para os sermões
e alta
entre os anões
III
da tua última carta
mais ninguém
abrirá o selo.
melhor assim...
o que verdade
(agora)
antes morrer
do que dizê-lo
IV
adeus, Poesia
abandonas o mundo
para ir com a alma
que abandona os homens
e isto ficará escrito
em sangue
e espírito
nem sempre há o que se comemorar
ResponderExcluirmas lembremos que comemorar significa
"lembrar junto"
belas palavras, afiadas e fundas como navalhas.
como a Saudade...
E a nossa Poesia é Morta-viva!
Embora um pouco atrasado e mesmo que não haja muito a comemorar, parabéns pelo teu dia.
ResponderExcluirUm abraço.