eu carneei um porco
de passo a passo
de pouco a pouco
antes
tive que derrubá-lo no chiqueiro
e estirado de corpo inteiro
se imundiciava na própria
merda
e se afogava na própria
baba
e se atolava no próprio
barro
carneei um porco
como quem cospe um catarro
depois de atado com a própria
corda
(que porcos se matam
com a própria corda)
cravei a faca no exato ponto
do cardíaco músculo corrupto
corrompido de pulsar na imundícia
e ele gemia grunhia berrava
que nem mais se diria
que era o rei do chiqueiro
e caiu ao seu nível de porco
ou parecia mais ser um orc
de sangue negro nojo e podre
eu carneei um porco
que bicho baixo pobre e sujo
quando fedor daquele bucho
e que temor naquele olho gordo
que não se volta nunca ao céu
que nunca mira a luz do sol
eu carneei um porco
que morte vulgar e treda
quantos vermes naquelas tripas
quantas doenças naquelas pregas
enquanto seus órgãos
estavam ainda mornos
extirpei as carnes do porco
e dei de comer aos corvos
Um texto muito interessante adorei.
ResponderExcluirBom dia.