20 janeiro 2014

Uruguai, Mujica, Liberdade e Proibições

O Uruguai sempre foi um país de maior desenvolvimento social e cultural que o Brasil. Foi e é ainda mais. Não é à toa que o chamam de a "Suíça da América do Sul". Sou um admirador do Uruguai e também do seu atual presidente, José Pepe Mujica. É um homem que, além de ter a coragem de ser simples e humano em um mundo de aparências e de louvor ao tecnológico, vem sendo um símbolo da expressão da liberdade, direito humano fundamental que vem sendo ameaçado em muitos países devido às políticas ditas "antiterrorismo", ao condicionamento exercido pelo pensamento único midiático, à pretensão de controle da internet, aos interesses dos grandes grupos econômicos, entre outros fatores.

A direita brasileira, as elites, as viúvas da ditadura odeiam o Mujica. Normal. Eles não gostam de liberdade, seu negócio é proibir o máximo que puderem, inventar leis e normas que protejam seus interesses, coibir, censurar, enfim, acham-se os senhores do que é correto, julgam que sabem plenamente o que é bom para todos.  Já a esquerda brasileira, de um modo geral, é covarde. Não tem a coragem de Mujica. Às vezes nem esquerda não é. 

Mujica Liberou a maconha, por exemplo, e fez muito bem, por um motivo extremamente simples: como disse Montaigne: "Proibir algo é despertar o desejo". Os governos preferem proibir a educar. No Brasil é assim. Proibir é fácil, é só outorgar uma lei e pronto. "Não faz isso porque a gente não quer que tu faças!" Agora, educar, PARA QUE CADA UM DESENVOLVA SUA CONSCIÊNCIA PARA DETERMINAR POR SI PRÓPRIO O QUE É BOM PARA SI OU NÃO, aí fica bem mais complicado. Sai mais caro. Leva mais tempo. E se corre o sério risco de gerar-se seres pensantes, críticos, sensibilizados, que não caem tão facilmente nos engodos dos governos e nas ilusões da moda e da mídia.

Por isso sou contra proibições. Quase toda proibição é um autoritarismo, uma arbitrariedade que esconde uma ausência e um descaso com a educação e/ou uma forma de privilegiar interesses particulares ou de determinados setores dominantes da sociedade mascarando-se com o "é para o bem-estar comum e para o progresso da nação". Se não me engano, foi o romano Tácito que disse: "O estado mais corrupto é o que tem mais leis." Essa frase e o Brasil são mera coincidência. 

Aqueles que defendem a proibição total das drogas devem estar realizados com o sucesso da política antidrogas brasileira, que proíbe tudo, menos o álcool: o tráfico cada vez mais forte e o número de usuários cada vez maior. Esses são os que preferem policiais nas ruas matando bandidos do que crianças nas escolas aprendendo a viver e a pensar. Pensar faz mal. É perigoso. Pode mudar a "ordem natural" das coisas. O bom mesmo é proibir.

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