29 janeiro 2014

Não Sirvo*

vós me perguntastes
em algum (de nenhum) tom
entre o fútil e o nada
(como se perguntar
o que verdade
a deixasse declarada)
o para quê?
serviria um poeta

respondi
(como se nem estivesse aqui)
que poeta
(se poeta)
não serve pra nada
e não serve a ninguém

poeta
(entre espinhos
com a espinha sempre em riste)
é o que ainda resiste
em ser-se

a função do poeta
é não ter função na vida
mas ser o ser em si
num mundo
onde todos são como todos
e um alguém é o mesmo ninguém

sou-me
(ainda
que em um além)...

ser-me.
jamais ser-vos

*Poema reelaborado e republicado

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