28 dezembro 2013

Devastação florestal sem limites em Madagascar traz de volta a Peste Negra

A ilha africana de Madagascar ficou conhecida atualmente pelo filme infantil de mesmo nome, onde uma infinidade de animais de diversas espécies aparentam viver felizes e em paz. Lamentavelmente, a realidade do país é bem outra. Madagascar, e muitos não sabem, possui a maior biodiversidade do planeta, ou seja, é o país que mais apresenta diferentes espécies de seres vivos.

Ou apresentava. Cerca de 97% de suas florestas já foram destruídas. Eu disse 97%. Da Floresta Tropical de Madagascar, a mais rica do mundo, restam míseros 3%. Que continuam a ser devastados. É a floresta tropical mais destruída do planeta, mais que a nossa Mata Atlântica, da qual ainda restam seus imensos 7%. Quanto à extraordinária fauna de Madagascar, 90% já desapareceu. Foi levada junta com as árvores derrubadas para extração de madeira, agricultura e extração mineral.

Madagascar é um paraíso com seus dias contados. Nem mesmo as pequenas reservas ambientais do país, onde vivem os famosos lêmures do filme infantil, estão a salvo. O que não é muito diferente do Brasil.

Pois bem, um dos resultados catastróficos de toda essa devastação absurda foi a volta de umas das piores doenças da história da humanidade: a peste bubônica, ou peste negra, que matou cerca de um terço da população europeia durante a Idade Média. A peste bubônica, que tem esse nome porque causa bulbos (inchaços infecciosos dos gânglios linfáticos) pelo corpo, geralmente de coloração escura, é causada por uma bactéria que é transmitida ao homem pela picada da pulga do rato, e pode matar em 3 dias.

Na Idade Média, devido ao desconhecimento e às precárias condições de higiene que se desenvolveram com o crescimento caótico dos cidades, os ratos se proliferaram muito e passaram a conviver com os homens nas cidades sujas. As pulgas passaram para os homens, e a peste negra se transformou numa das piores epidemias da história. Com o tempo, com os avanços científicos e com a melhoria das condições de higiene, a doença foi quase erradicada (embora sempre tenha existido casos isolados em países pobres).

Agora, em Madagascar, o motivo da volta da enfermidade é outro. Deve-se ao desmatamento impiedoso da região. Os ratos que viviam nas florestas, não tendo para onde ir e sem alimento, estão invadindo as casas e trazendo com eles suas pulgas infectadas. Até o momento, foram confirmados 86 casos da doença, com 39 mortes. E trata-se da peste bubônica pulmonar, caso mais grave da doença, que pode ser transmitido não só pela pulga, mas de pessoa para pessoa. As autoridades sanitárias ao redor do mundo consideram a peste bubônica como uma doença re-emergente, assim como a tuberculose, ou seja, doenças quase erradicadas que estão voltando. Há alguns poucos anos, um surto de peste bubônica atingiu a Índia, matando dezenas de pessoas. O desmatamento também foi responsabilizado pela doença na Índia.

(Na imagem, foto de uma área de floresta tropical quase que completamente destruída em Madagascar, onde corre um rio morto de águas vermelhas devido ao barro das erosões. Uma cena infernal em meio ao que antes era um paraíso.)

Fonte: http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/peste-causa-39-mortes-em-madagascar

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