20 setembro 2013

Viverá o meu Verso

a minha voz
(ou meu verbo verso)
viverá
no zumbido
de alguma mosca
no zunido
de algum mosquito
a azucrinar ouvidos
naquele quase silêncio
que é ainda mais que um grito
um além
um algo
que já não pode ser dito

ficará o meu nada
no ruflar das asas
de alguma barata
no rangir escroto
de algum gafanhoto
no irritante estribilho
do triunfo do grilo

viverá o meu verso
no zunido
de um vitorioso mosquito
ou de qualquer inseto
de que o planeta será repleto
destes herdeiros
do futuro do homem
e do seu mundo maldito

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