17 julho 2013

Conclamação aos Homens de Bem e Progressistas a Combaterem a Marginália Deselitizada

Senhores e senhoras que fazem, que atuam, que trabalham incansavelmente em prol do avanço econômico, homens do progresso e do desenvolvimento , altos dignitários, titânicos mandatários, monumentais coronéis, solenes empregadores,  vastos proprietários de nossa cidade, venho por meia desta conclamá-los aberta e magnanimamente para combaterem a escória, a vagabundagem, a marginalidade,  a baderna, a falta de respeito e de reverência que anda degradando a honra e dignidade duramente obtidas pela nossa nobre estirpe.

Unam-se, formem trincheiras, exércitos se for preciso, porque alguns desaforados inimigos da ordem, da paz, da prosperidade estão espalhando mentiras, boatos e covardias invejosas contra as verdades já estabelecidas e naturalmente inquestionáveis em nossa cidade. Estão ferindo nosso domínio justo, natural, nosso direito divino e praticamente constitucional de mandar e desmandar segundo nosso bem entender e nosso bel prazer, o qual, mui obviamente, não se questiona, uma vez que está profundamente encravado nas tradições imodificáveis do seio augusto da nossa sociedade.

Querem acabar com tantos anos de dedicação e merecimento, desejam emporcalhar nosso nome imaculado impregnado de peso e de razão eterna, apenas para terem o prazer de satisfazer seus ódios mesquinhos e porque não podem estar no nosso lugar, nos nossos tronos absolutistas.  De onde julgam tirar argumentos contra nossas verdades há tanto tempo estabelecidas e nunca perturbadas?  Como podem se pronunciar contra o poder financeiro que é o que, gostem ou não gostem, vem mantendo viva nossa cidade?

Vejam quantos empregos temos formados, olhem para a massa de trabalhadores assalariados que construímos e que recebem todos os meses seus magníficos salários mínimos. Observem como essa gente quieta e conhecedora do seu lugar vive feliz e contente em sua rotina de trabalho por nós traçada e determinada com justiça e bondade. Vejam como são a nós gratos pelos favores que lhe fizemos em oferecer tantas e tantas vagas de miríficos empregos. Vejam como caminham humildes e satisfeitos com as vidas tranquilas com que lhes presenteamos. Agora vêm esses animais, essa corja de malandros que não tem o que fazer dizer que há algo errado, que duvidam de nossa benignidade e generosidade? Iremos permitir que espalhem o mal em nossa cidade de forma tão sórdida, cruel e sorrateira?

Reajam, senhores e senhoras, façam algo, esperneiem, chorem, intimidem, ameacem, processem, mas defendam vossas verdades, direitos, comodidades, regalias, defendam vossos privilégios que indubitavelmente foram obtidos com real sacrifício e com alianças, tratos, tratados e apertos de mão históricos e revolucionários.

Tiremos fotos juntos, abraçados, de mãos dadas, estampando vivos e celestiais sorrisos de vitória e de religiosidade, para ostentar altivamente contra os que simbolizam a maldade e a violência.

E tenho dito.



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