antes de eu pisar o aqui de onde piso
quem o pisou no antes de mim?
quem foi que foi
onde agora sou eu?
quem pisou o chão da minha casa
antes de ser este o chão da minha casa?
aquele que trabalhava na construção civil
que eu nunca vi e que nunca me viu?
e antes dele
quando campo ou mato ou banhado?
qual foi o guerreiro
que aqui tenha morrido
ou tenha matado?
que animal pisou onde durmo?
carneiro cavalo jaguar ou guará?
será que num outro dia não vindo
uma outra pata-pegada aqui ficará?
algum homem pré-histórico
pisou o futuro
do que seria minha casa?
tombou algum raio
um dinossauro
ou o ruflar de uma asa?
que pata acompanhou o meu passo
sem nunca saber que estaria
em meu mesmo invisível compasso?
e que mistério existido
sem presumido conhecimento
fora da ciência e da consciência
ou do qualquer em todo momento
pode ter um dia pisado o meu piso?
o que é outra era?
era quando o que eu
era outro eu
ou o meu eu era um não?
queimou o meu chão um dragão?
não sei
só sei que tudo passa:
estes antigos versos que escrevo
também um dia serão pisados
por um mamute
ou...
por uma traça
o poema nos faz pensar sobre a efemeridade das coisas. quem pisará nosso chão amanhã?
ResponderExcluirOntem pisei amanhã no teu blog e devo ter acreditado que vou gostar muito do teu poema.
ResponderExcluirPôxa, cara! Você tem a capacidade de me fazer pensar coisas que jamais haviam passado pela minha cachola ruminante. Impossível deixar de "curtir", na linguagem de quem não está acostumado a FILOSOFAR!
ResponderExcluirQue linha interessante de pensamento, adorei imaginar tais fatos enquanto lia seu poema.
ResponderExcluirUm bom restinho de domingo.
Poemas ficando cada vez melhores, parabéns!! ;)
ResponderExcluirJá pensei sobre o que teria sido antes da minha casa ser construída aqui, sobre o que era antes e hoje não é mais, das árvores que foram cortadas para que hoje as casas e prédios que existem, tivessem vida, e nos seres humanos que desbravaram todo este lugar.
Tudo de bom pra ti, bj.
Ana Karoline.