"Estamos em 1960. Joãozinho não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba o ambiente. É mandado à secretaria da escola e fica esperando até o diretor dar-lhe uma advertência com a sugestão de uma suspensão e até expulsão da escola. Joãozinho esconde o ocorrido dos pais com medo de alguns “cascudos” em casa, mas voltou a se comportar e nunca mais perturbou a classe. Vamos para 2012. Joãozinho é mandado para a psicóloga da escola, o diagnóstico fala de hiperatividade com transtornos de ansiedade e déficit de atenção e recomendado a tomar Rivotril. O garoto transforma-se num zumbi e os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz e ainda processam a escola. Voltamos para 1960. Luizinho quebra o farol de um carro, no seu bairro. O pai tira a cinta e lhe aplica um corretivo no traseiro. Luizinho sentiu o poder paterno, nunca mais foi vândalo, cresceu, entrou na universidade e hoje é um profissional de sucesso. Estamos em 2012. O pai de Luizinho é processado por maus tratos e fica proibido de ver o filho. Luizinho volta-se para as drogas, delinqüe e é colocado numa casa de recuperação para adolescentes. Outra volta a 1960. Paulinho cai no pátio da escola e machuca o joelho. A professora encontra o garoto chorando e o abraça para confortá-lo. Rapidamente, Paulinho se sente melhor e continua brincando. Pátio em 2012. A professora é acusada de não cuidar das crianças e Paulinho tem cinco anos de terapia pelo susto, seus pais processam a escola por danos psicológicos e a professora por negligência. A professora renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida. Retorno a 1960. Qualquer bagunça na aula era motivo de repreensão do professor com advertência aos pais e em casa sabíamos o que nos esperava… Em 2012, bagunça na aula resultava no professor pedindo desculpas por alguma palavra áspera. Mas os pais vão à escola, registram queixa contra o mestre e trocam o notebook do filho para evitar algum trauma futuro. Onde foi que erramos? Em que momento, entre 1960 e 2012, transformamo-nos em idiotas?"
Já escrevi, aqui no blog, sobre a INVOLUÇÃO de nossas crianças. Sim, porque eu não tenho dúvida que não só a mentalidade e a sensibilidade de nossas crianças regrediram e continuam regredindo, mas também a forma como as tratamos. É claro que a violência contra crianças e adolescentes deve ser duramente combatida. Agora, proibir um pai de dar uma palmada no filho? É um absurdo, simplesmente isso.
Chegamos a uma completa inversão de valores. Hoje são os filhos que batem nos pais. E nos professores. E o conselho tutelar "moderninho", baseado em um Estatuto da Criança e do Adolescente hipócrita e imbecil, que acabou por retirar a necessária autoridade dos pais para a estrutura e organização das famílias, passa a mão na cabecinha de crianças desrespeitosas, estúpidas, violentas, enchendo-as de direitos e não obrigando a quase nenhum dever. Eu levei muitas palmadas e hoje agradeço a meus pais por todas que levei.
O texto abaixo é a republicação de um trecho de um texto de minha autoria já publicado aqui no blog:
"As crianças de hoje são muito “espertinhas”, raciocinativas, entendem de computadores, de máquinas, de tecnologias, das coisas práticas da vida, mas nada sabem sobre a vida em si. Nada sabem sobre seu papel no mundo. E não conseguem nem pensar sobre isso. Muito menos sentir. Parece que atrofiaram grande parte de suas inteligências. Não conseguem se sensibilizar com nada. Não falo de sentimentalismos, mas de uma sensibilidade consciente, madura, uma capacidade de captar as grandes questões do mundo, da humanidade, do universo. E de se posicionar dentro delas. As crianças de hoje não fazem mais isso. Não estão nem aí para nada. Isso é ser inteligente? Falta-lhes a inteligência emocional. A inteligência artística. A inteligência intuitiva. A inteligência da sensibilidade. Falta uma inteligência que torne as crianças mais sensíveis, mais conscientes. Falta uma inteligência que faça as crianças perceberem que estão inseridas na humanidade, que possuem responsabilidade para com o planeta e para com seus semelhantes.
Na imagem, o quadro "As Filhas de Catulle Mendes", de Renoir.
Embora o texto tenha uma grande dose de verdades acumuladas,não mostra toda a verdade com respeito a 1960. Não fala das crianças vítimas de maus tratos, dos castigos de tal maneira horríveis e violentos que muitas delas acabavam por morrer às mãos dos pais.
ResponderExcluirNa minha humilde opinião, deveria ser encontrada uma solução algures no meio, teria que haver um meio termo, ou talvez apenas mais consciência dos adultos que habitam este planeta! Mas isso...da maneira que as coisas vão...bem, talvez tenha sido por isso que criaram essa lei estupida, a consciência é escassa e as crianças continuam a aparecer marcadas, abusadas, violadas, muitas vezes pelos próprios pais!
Assim vai o mundo, habitado por idiotas e bestas humanas!
Felizmente também existem exceções, continuo a acreditar que é nesses que reside a esperança para esta triste humanidade nossa...
Tomei a liberdade de ficar também por aqui!
Abraço
Sónia
Aff!
ResponderExcluirEu ando apavorada com tanta coisa,
E olha, que não vivi as gerações anos 60/70/80...
Caro amigo!
ResponderExcluirTenho, também, pensado e escrito muito sobre esse assunto, até porque, temos que nos preocupar com o futuro da nossa profissão. Uma das provas de que o professor se sente coagido é a avalanche de manifestações nas redes sociais em prol da valorização dos educadores. A classe está apavorada.
Claro que, como disseste, os maus tratos, não só a crianças ou a adolescentes, como a toda a raça humana, devem, evidentemente, ser evitados e punidos, e para isso é que deveriam se fazer valer os direitos da criança e do adolescente. Mas não é difícil vermos crianças que são violentadas em seus lares, elas são enviadas a casas de passagem e os agressores continuam impunes. Um cidadão que estupra uma criança muitas vezes não vai para a cadeia, mas um professor é duramente julgado pela sociedade quando toma uma atitude maus severa para tentar se defender de agressões, deboches e hostilidades provocadas por seus alunos.
Pensemos nisso. Ou melhor, paremos de pensae um pouco, senão enlouqueceremos.
Grande abraço!!!!
Ana Paula N. M. Z.