04 fevereiro 2012

Advertência

há que cuidado
com a sede de vida
que o que na sede da alma
tem sede há maior medida
sede cauteloso:
não se pode saciar ambas
pelas cordas bambas
como quem come um pêssego
e solta o caroço
pelo não do poço...

nem tudo é eu posso:
às vezes fica tarde
e noutras – tempestade
e pode (m)olhar  granizo ou seca
sobre o jardim...

nem tudo é simples assim:
é belo colher a tulipa
derramar suas pétalas
e se fitar a verde trilha
como se tudo fosse
magnífica maravilha...

mas a vida não é só soprar
e fazer espuma:

por trás do arbusto
da alegria das flores
se oculta o silêncio
do bote do puma...

6 comentários:

  1. Obrigada pela visita.
    Belíssimos poemas, acabei me "perdendo" entre textos e poemas.

    Adorei!.
    Vou ficando.
    Beijos e um agradável final de semana pra ti.

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  2. "mas a vida não é só soprar
    e fazer espuma"

    adorei.

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  3. Sempre tive predileção pelos seres ocultos e aqueles cuja natureza mereçam cuidado. Mas nunca cheguei a tal ponto de invadir conscientemente o espaço natural desses seres. Cascavéis, escorpiões, onças, aranhas e vaca brava recém parida, cada coisa a seu modo e em seu devido suposto lugar. E isso serve ao ser humano, mas esse, em especial me causa mais admiração. Dentre tantas as mazelas e misérias que são capazes de fazer e proporcionar, eu ainda os admiro. Quem sabe por detrás a moita, o puma da inconsequência sorva de nós o bem mais precioso, assim como Pandora abrindo a caixa. Talvez sempre foi assim, desde o dia em que o primeiro dos primeiros desceu da árvore e arranhou o céu, com seus arranha-céus.

    Sua poesia é impulso ao pensamento. Não há como não gostar!

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  4. Reiffer, sempre há pantera e bote.
    Outro forte poema
    Bjão, poeta

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  5. Invejo quem vê a vida assim, como se fosse magnífica maravilha. Sempre verei as flores, mas não vou me esquecer do puma.

    Lindo, Reiffer.

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  6. "não se pode saciar ambas"...
    não mesmo.

    excelente poema!

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