18 outubro 2011

Poema a um Urutau

na noite que é tu mesmo
e em que também anoiteço
tu te ocultas
como se não
como se não fosses
como se não soubesses...
mas eles é que não sabem
que tu estás em teu não estar

não sendo tu
só o teu ser é que é:
tu não serias o teu ser
se te mostrasses em aberto:
mostrar-se não é de um urutau

só o que paira de ti
é o espectro do que não
é o teu verbo que é fantasma
é o teu grito que não grita
teu lamento que apunhala
mas que ninguém vê o além
do estar a dor apunhalada...

ninguém te vê quando tu cantas
e o que cantas é este susto
que não nos deixa sinal...
deixa-me então
simbolizar-me em ti:
também ninguém vê o meu mal...

8 comentários:

  1. Reza un dicho: Que solo cada quien sabe lo que esta cargando.

    Besos

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  2. Que bonitinho! rs...


    Tudo bem com você??

    Um abraço!

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  3. ópera

    meu eu lírico quase nunca é eu
    nem sempre sou no instante em que estou
    por isso canta apenas
    faz-se drama
    meu tenor lírico
    ou fala das flores
    diz-se por elas
    sobre o sol
    ou se choveu
    e também escarra
    o barítono bufo
    tira-se sarro
    na barriga que doeu
    ri-se então somente
    apenas usa meu corpo
    pois a ele empresto os cantos
    essas vozes que deus também me deu
    se nesse instante me sou ou se não sou
    eis a questão: de mim pra mim também dou eu?

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  4. Reiffer!

    Nunca ouvi falar em URUTAU; É uma ave? Bem, não dá para responder aqui.

    Um poema belo como sempre, mas deu uma tristeza....

    Beijos

    Mirze

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  5. Obrigado por gostar do meu cantinho sej amais que bem vindo, adorei o teu belo poema.

    ninguém te vê quando tu cantas
    e o que cantas é este susto
    que não nos deixa sinal...
    deixa-me então
    simbolizar-me em ti..

    Amei..
    Abraos, sigo te tb

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  6. Ah, poema belíssimo.
    acho bem interessante o teu toque quando versa sobre algum animal, me parece de um carinho enorme com a Natureza! Isso mesmo usando de uma imagem mais obscura, no final, o resultado é Arte!

    E sigamos...

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