15 setembro 2011

Passando Minha Adaga na Semana Farroupilha

Algumas constatações sobre a Semana Farroupilha:

 - A Semana Farroupilha transformou-se em um desfile de agroboyzinhos nas camionetinhas do papai, enquanto gaúchos de verdade, os peões que trabalham duro nas estâncias e cultivam as verdadeiras tradições gaúchas (não para fazer bonito ou para aparecer, mas porque isso é o natural deles) não podem comprar um par de botas. Muito menos desfilar com um cavalo. É como retrata Cyro Martins na sua “Trilogia do Gaúcho a Pé.”

-  Grande parte dos campos dos grandes estancieiros gaúchos é campo que foi roubado na época em que as fronteiras das terras não eram cercadas. É como diz o inesquecível personagem Juvenal em “O Tempo e O Vento” do Érico Veríssimo, referindo-se ao estancieiro Amaral: “Todo mundo aqui  sabe que metade dos campos desse velho é tudo campo roubado!”

- Os agroboyzinhos gostam também de andar por aí enchendo a pança de cerveja e gritando o “Grito do Sapucai”, que é herança de nossos índios guerreiros. Mas os índios ou foram massacrados ou se encontram em estado miserável em suas terras devastadas. E os “gaúchos” pouco se importam.

- E os “farroupilhas” bem pilchados apreciam também matar cavalos esgotados desfilando com bandeiras sob o sol do litoral pra mostrarem que são machos.

- E os nossos “pampeiros”, que dizem amar a terra, amar o pampa, são os mesmos que estão acabando com ele plantando soja, pinus e o diabo. Acabando com os rios, desviando água para plantações de arroz, infestando tudo de pesticidas, massacrando nossa fauna, causando erosões, assoreamentos, desertificação, enfim, transformam o pampa num inferno de desolação. Mas na Semana Farroupilha, amam a terra gaúcha.

- Não me pilcho, mas sei que amo minha terra mais do que muitos pilchadinhos engomadinhos por aí. Alguns gaúchos deveriam entender que, mais do que a pilcha, o que define o gaúcho são os valores de honra, dignidade e coragem.

8 comentários:

  1. http://sul21.com.br/jornal/2011/09/passando-minha-adaga-na-semana-farroupilha/

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  2. ...sem falar no "adubo" que a semana farroupilha deixa no asfalto...menos pior é se dele brotarem flores.
    ótimo texto!
    Abraços.

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  3. Bah home véio, disse tudo.
    Mas é assim mesmo, quem tem dinheiro é quem aparece... Gosto muito do campo desde pequeno, nunca tive a oportunidade de comprar um cavalo, mas sempre fui muito regional, sempre quando dá vou até a casa da minha vó no interior.
    Isso é uma coisa sincera e é assim que deve ser. Quem não foi criado no interior não tem obrigação de gosta, mas é importante fala isso pros agroboy: suas enormes quantidades de terra foram herdadas e anteriormente roubadas... Gaúcho é um estado de espirito, é uma cultura linda que muitas vezes se esquece da importancia do indio / negros.
    Lembrar pros velhos analfabetos (dentro de ctg's) que não precisa andar fantasiado do jeito que eles querem pra ser GAUCHO.

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  4. Rúbida, por falar em "adubo", sugiro a leitura do texto "sapateando na bosta do 20 de setembro", disponível na internet.

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  5. Mas bah!

    Saber que a nossa "tradição" é inventada, muito bonita, mas fictícia em sua maioria, compilada por uns espertos (e metidos a expertos) é muito constrangedor, no mínimo.
    Este tradicionalismo que nos é enfiado goela adentro é um tradicionalismo autoritário, típico de reacionários.
    Reacionários que atravancam quaisquer projetos que possam tirar o RS do buraco em que se afunda cada vez mais.

    Valeram as tuas palavras!

    Abraço!

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  6. REIFFER!

    Há algum tempo, mais ou menos cinco anos, participei de um congresso em POA. Quando começaram a cantar o hino do Rio Grande do Sul, fiquei emocionada. No final, estava aos prantos, por sentir o amor e o orgulho que eles tem ao Estado.

    Realmente é impressionante nossa terra.

    Beijos

    Mirze

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  7. Amar o Rio Grande não significa andar pilchado e sim contribuir para que ele se desenvolva, com muito trabalho e dedicação. Principalmente ensinar as próximas gerações valores de justiça e igualdade, o que convenhamos, está longe de ser os valores que ensina nos tais CTG´s. Afinal uma revolução feita por estancieiros escravistas é contra os ideais que apregoavam - liberdade, igualdade e fraternidade - estavam mais preocupados em manter seus privilégios, atacados então pelo Império do Brasil (queriam mexer no valor mais importante para eles, ou seja, aquele que cabe dentro do bolso)

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  8. Disse tudo, cara.
    Eu já venho notado isto há anos.
    A Estância da Harmonia, aqui em Poa, virou centro comercial... Se encontra xis, hot dog, maçã do amor, até acarajé se encontra, menos o verdadeiro tradicionalismo, que é o amor diário ao RS, não somente um amor de amante, que só se vê no 20 de setembro.
    Parabéns pelo post.

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