Terrorismo é eu querer que tu queiras e que tu faças e que tu sejas aquilo que eu quero e que eu faço e que eu sou. Terrorismo é eu querer impor a minha razão. É estar certo que somente eu estou certo e que somente eu sei o que é certo para ti.
Terrorismo é não poder ser quem sou. Ou, se eu for, for condenado por um tribunal invisível. Terrorismo é existir um tribunal invisível e ninguém se responsabilizar por ele.
Terrorismo é não poder ser quem sou. Ou, se eu for, for condenado por um tribunal invisível. Terrorismo é existir um tribunal invisível e ninguém se responsabilizar por ele.
Terrorismo é tornar a impotência alguma forma de poder e fazer do poder aquilo que torna impossível a impotência de reagir.
Terrorismo é saber que se eu não consumir o que os outros consomem, serei discriminado. Terrorismo é ter que ter o que os outros têm. E ter quer desejar tê-lo. É, numa época de culto à aparência, não ter uma boa aparência. E não poder ter. Mas ter que se importar com o não tê-la. Terrorismo é saber que devo ter dinheiro, mas que não tenho, e que não posso ter. Terrorismo é ter o dinheiro e fazer com que isso seja o mais importante.
Terrorismo é viver em meio aos mais diversos e intensos apelos sexuais e não poder satisfazer todos os desejos suscitados por tais apelos. Terrorismo é saber que devo aceitar o que os outros querem que eu aceite. E se não aceito, ter todos os dedos apontando para mim. E terrorismo é tentar cortar esses mesmos dedos. Ou ameaçar de cortá-los. Terrorismo é dizer: se tu fizeres qualquer coisa contra mim, eu farei coisa pior contra ti.
Terrorismo é ter que cumprir a lei sabendo que a lei está incorreta. Terrorismo é saber-se injustiçado, mas ter que engolir sem reclamar. E se reclamar, ser punido. E, ao ser punido, desejar a vingança. E executá-la. Terrorismo é buscar qualquer meio para executar a vingança, não importa qual, desde que ela se concretize.
Terrorismo é ter que sobreviver do jeito que der. Terrorismo é ter que trabalhar miseravelmente dia e noite enriquecendo outros para ter o direito de viver. E terrorismo é ter que aceitar, porque é assim e pronto. Terrorismo é não poder trabalhar. Terrorismo é esse irremediável.
Terrorismo é, como diria Brecht, julgar violentas as águas do rio e não as margens que as oprimem.Terrorismo é ter que estar incluído onde não se quer estar incluído. Terrorismo é a inclusão forçada. Terrorismo é não se poder estar onde se queria estar. Terrorismo é a exclusão forçada. Terrorismo é não ter como escapar. Terrorismo é tentar escapar de alguma forma não aceitável. Terrorismo é não ter saída. Terrorismo é não ser compreendido. Terrorismo é estar sozinho. Terrorismo é o dia a dia.
Lúcido! Muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirBeijos.
Disponer de la voluntad de otros por imponer a la fuerza nuestras creencias es un acto de cobardes...
ResponderExcluirBesos
Angustioso, mas pura verdade.
ResponderExcluirBárbaro!
ResponderExcluirO mundo é um terror. Concordo com cada palavra e cada pausa.
Excelente, Reiffer!
Beijos
Mirze
Há muito eu não lia algo tão dúbio, perturbador.
ResponderExcluirFaz pensar.
Querer voltar ao texto e tentar compreendê-lo melhor.
Navega na mente.
Impõe-se a ser copiado, carregado, relido, entendido, decifrado, decorado até permanecer eternamente na memória.
Muito bom!
Magnífico texto, faz refletir sobre todos as situações que vivemos na sociedade atual. Além de ser muito bem escrito, ao término dá vontade ler ele mais uma vez.
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