14 agosto 2011

no Auge do Fracasso


a minha parte em tudo isso
é a parte do depois de isso...
sei de tudo o que já foi estado
e do que ainda é
mas não posso
estar com o que aí está
pois sou-me um outro passo
pé por pé

nem sei porque digo
isso que passo
mas sei que passo:
e digo o porquê...
que é eu ter que passar-me
e insistir no que não:
quedo a olhar-me onde ninguém me vê

um todo formado por parte
tem sempre última que é a última
que é a que nunca ninguém quer
e ali beijei o meu mister

por isso sou isso
que te canto só
e o meu sucesso
(que é em tudo que não é)
será quando todo sucesso
for apenas pó

não espero que me ouças
(tu – tu mesmo – e todo mais)
e nem espero o que me espera:
o meu objetivo
é ele não ser alcançado
(tu me alcanças?)
por isso já o tenho
e por isso nada faço:
terei minha vitória
no auge do fracasso

7 comentários:

  1. Poesia profunda, melancólica, de palavras tão bem escolhidas que dá até para deixar a imaginação fluir no seu enredo.
    Linda poesia.

    Uma ótima semana! =]

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  2. Poema altamente enigmático, mesmo assim, sentimos uma pulsação de algo que nos prende com intensidade.

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  3. Reiffer!

    É bem no auge do fracasso que encontra-se a vitória e o poema mais belo.

    Você sabe.

    Beijos

    Mirze

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  4. Trágico, isso do meu ponto de vista, o que não vale um vintém rsrss
    pontada de acidez em teu poema, gostei.

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  5. Vitória no auge do fracasso... Objetivo é ele não ser alcançado...
    Que coisa... Adorei!...

    Abraço, Reiffer.

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  6. " Tempo descompromissado",tempo de melancolia amargando uma solidão sem tamanho,
    que parece sem FIM,
    não ter FIM!!!
    O auge é flanar para entortar caminhos retos.
    um abraço

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