08 fevereiro 2011

Um Absurdo

cavar todos os dias
com uma pá
sem descanso
cavar a cada instante
como se fosse adiante
cavar com o pé
o que não é
até  achar diamante
a toda hora
como se fosse embora
cavar pelo pó
com um resto de bota
sem ter espora

cavar cova tão imensa
que seja cratera
e chegue ao outro lado
e à outra era
e arrancar petróleo e ouro
quanto mais cansado
com fôlego de touro
e rubis e esmeraldas
e trazer à luz
envolvidos em grinaldas

e enfim jogar tudo aos porcos
pelos chiqueiros tortos
e partir
sem ter o nome na lista

e como um vulto
que pelo longe some
sublimemente
morrer de fome

(eis a missão do artista)

10 comentários:

  1. REIFFER!

    A exata tragédia humana que vivenciamos.

    Beijos, poeta!

    Mirze

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  2. Eu tenho um poema parecido com esse, mas tematicamente diferente.
    Versaste bem essa agonia diária de ser artista. Muito bom!

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  3. Tem a intensidade e a alma que só você consegue dar aos versos...

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  4. Olá Reiffer,
    vim agradecer a visita e conhecer teu "Fim"..
    já te sigo...
    Abraço.

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  5. Para João Cabral não pôr defeito. Muito bom!

    Abraço!

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  6. Penso que é a primeira vez que venho até seu espaço. O que li, aqui é interessante, gostei e vou ser seu seguidor. Seja meu também em:

    www.congulolundo.blogspot.com
    www.minhalmaempoemas.blogspot.com
    www.queriaserselvagem.blogspot.com

    Um abração e tudo de bom.

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  7. cavar é ofício, Alessandro.
    Encontrar as palavras, descobrir os códigos. Como disse alguém: pérolas aos poucos...
    abraços!

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  8. nossa! bons pensamentos esses q li até agora. estou viajando aqui em seu blog. estou gostando. o drama, o melancólico... mto bom mesmo.
    beijos caro poeta

    Regina Castro

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