22 novembro 2010

Naufrágio

agora que nada
e o nada mais resta
nada mais há
e não há
a ser dito
bem dito
o meu ser
que nada mais
ao mar que sinto
ou que minto
barco de resto
de arrasto
desisto
mau quisto
agora que alado
mau fado
nau-fada
sem deixar rastro
me afasto
aos nados
e infesto
em riste
de espada...
de resto
mais nada?

(Na imagem, o quadro "O Naufrágio", de William Turner.)

10 comentários:

  1. O que te levou ao fim?
    Me pergunto isso todas as vezes que leio uma publicação sua.
    Confesso que leio mais a poesia do que os textos, pois com a idade veio a preguiça.
    Confessa quem te fez o fim.
    Não que não sejas brilhante, mas me intriga ver uma pessoa da tua idade ser assim.
    Decifra-me ou te devoro?

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  2. Oi, Kátia. Obrigado pelos comentários. Respondendo tua pergunta, o que escrevo não é somente uma expressão pessoal, digamos que é uma expressão também daquilo que assimilo da humanidade. Os seus tempos atuais.

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  3. demais, olha só, amei o ritmo. é tudo muito forte e sonoro.

    http://terza-rima.blogspot.com/

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  4. E quando se pensa que tudo acabou existe o nada cheio de coisas que deixamos de pensar, o nada não é tão vazio assim como imaginamos

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  5. O nada é quase tudo.


    Adoro teus versos!!
    beijos meu amigo

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  6. Obrigada pela visita, embora os textos que vc escreve não sejam o tipo que eu leio normalmente, gostei deles, o tema na verdade me assusta um pouco...rs
    Mas o jeito como vc escreve tem uma certa perfeição que me prende.

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  7. Reiffer!

    A "NAU" sempre volta e nos arrebata!

    Belo poema!

    Beijos

    Mirze

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  8. lindo poema!
    tem um certo balanço e cadência, adorei como você terminou ele!

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  9. Gosto dessa sombra eterna, esse desgosto que tuas poesias carregam, essa desesperança de náufrago em mar bravio... Teus olhos revelam a profundidade dos teus pensamentos e o comprometimento dos teus sentimentos.
    Gosto desse teu jeito de abordar o lado obscuro do ser humano e, de certa forma, revelá-lo em tua poesia.
    Saudades de vc.
    Beijokas.

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