25 novembro 2010

“Fui tudo. Nada vale a pena.”*

o limite do infinito
é se conter em si mesmo:
não poder ser
mais do que não deveria...
o limite do poeta
é não se conter em si mesmo
dizer mais
do que em si poderia...

o verso vem
como se eu não houvesse
e não sendo eu
versa de mim o que sou
o poema é um perigo em segredo
e o canto é mistério
de medo

estive em tudo
que aqui escrevo
e cada palavra
cala do que me perdi:
vi nos meus sonhos
uma ave estranha
e o mar de verde
era ao reverso lama

não me olhem
como aqui eu sou:
naquele olho
é que extirpei meu ser
flechem o fim da música
que me deixei morrer
e não deixaram
nem eu ver chorar

poeta mau e humano pior ainda
tornei-me o fim
de uma história infinda
e agora sou horror
para que a história fosse
esta rima pobre:
linda.

mas já enchi o saco demais
melhor evocar o verde do mar
para não ter que dizer
o que não posso falar...

* verso de Fernando Pessoa

8 comentários:

  1. Aquilo que não pode ser dito com palavras já foi dito na magia das palavras não ditas.
    Um bj querido amigo

    ResponderExcluir
  2. Efêmero
    sinto isso as vezes, lindíssimo poema.
    um dos meus preferidos daqui.

    ResponderExcluir
  3. E me diga será que existe alguma coisa que ainda não foi dita?

    ResponderExcluir
  4. Nossa!

    Li achando que era seu, Reiffer!

    Tamanha a identificação!

    Beijos, poeta!

    Mirze

    ResponderExcluir
  5. E dizer coisas, naturalmente abstratas; e dizer tudo, simples assim... é poesia.


    abraços

    ResponderExcluir
  6. this is the third blog in my blog hopping that I almost dont understand a single word but I am sure of one thing though.. if only I can understand it fully then I would love it more..
    As soon as I get my built in translation I will come back and read for more..
    thanks you for sharing them..

    ResponderExcluir
  7. Mirze, o poema é meu, apenas o título é um verso de Fernando Pessoa, hehe. Grato pelo comentário.

    ResponderExcluir