...ao compasso das gargalhadas
dos abutres sobre o sangue
passo a passo dos gargalos
cataratas das garrafas
e o catarro das risadas
dos abutres sobre a terra
garra a garra pela carne
em brasas de santa graça
e a branca alada da garça
assanguinada em faca fraca
do compasso das metralhas
dos deboches alastrados
e os abertos bicos dos abutres
na cantata das gargalhas
e as pernas já trançadas
e as pernas já trançadas
nas vagas claras do teu riso
os cruéis dentes em vãs asas
como o branco das cascatas
e o sarcástico dos asnos
e o rastejo das serpentes
e o gaguejo dos macacos
e o gorgolejo das galinhas
e o grotesco destes sapos
e o grotesco destes sapos
e o motejo destas cabras
e o manquejo destes diabos
soaram como graves larvas
ou como bruxas engasgadas
de ironias devoradas
e zombarias pelas águas
e gangrenas golfejadas
entre as línguas engraçadas
de lagartos arrastados
em macabras largas danças
com mefistófeles e gárgulas
na valsa destas risadas
dos abutres sobre o sangue
ao compasso das gargalhadas...
A.,
ResponderExcluirLí teu texto em ritmo de um cordel. Os bons cordéis que retrataram épocas sangrentas.
Versos apocalípticos escritos numa estética incomum.
Gosto da tua assinatura poética.
abraço
Agradável. No meio do poema cheguei a me perder, no entanto o desfecho me encontrou um caminho.
ResponderExcluirHeil Reiffer!
ResponderExcluirAlgumas vezes, depois de ler você, pergunto-me: que quis dizer? - E daí concluo que nem sempre o dito é para ser entendido, senão sentido.
Gargalhadas: de felicidade ou de loucura. Presumo que sejam desta última...
Abraços,
Ritmo e foça. Sinto as gargalhadas.
ResponderExcluirUm bj.
Que LINDO, Reiffer!
ResponderExcluirA humanidade vai parar de gargalhar, com a extinção dos abutres. Seres inocentes que não atacam, só cumprem sua função!
Assim como os abutres, borboletas, tigres e golfinhos agora em extinção.
Lástima!
Beijos, poeta!
Mirze
Meu querido Poeta
ResponderExcluirSimplesmente divino...gritado no profundo das entranhas da terra...que é poeta...é.
Beijinhos
Sonhadora
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ResponderExcluiradorei o texto,
to te seguindo ;*
É isso que a Mai disse, esse texto é ritmo puro, que obriga a gende a dançar.
ResponderExcluirMuito bom ler-te, flui deliciosamente...
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