18 outubro 2010

Oração – Alerta

Tu
cujo Nome não me é dado distinguir
nem dizer-me mesmo a mim
faz que eu esteja sempre atento...

ao não e ao sim
além do máximo que me for possível
faz que me seja óbvio o que é óbvio
e uma antena oculta ainda que trágica
além do trágico do que é invisível...

faz que não me escape nem o nada
nem o mínimo movimento que se esconde
e que eu sinta o todo o onde o cada
o que não pode o que não há o que não veja
como a presa percebe a cobra
como a cobra pressente a presa

que eu esteja
em cada pulsar de veia
em todo sinal que vibre
como o tigre persegue a presa
como a presa se esquiva ao tigre

faz que eu capte o gesto e a íris
o dilatar-denúncia da pupila
o sonho o vago o sem-saída
o sorriso amarelo da esperança
o falso sol em ouro que me brilha...

faz que eu esteja sempre atento
ao sangrar do crepúsculo do tempo
ao que está aqui fora
e mais ainda
ao que está lá dentro...

7 comentários:

  1. Meu querido Poeta
    Simplesmente belo...o fim do fim.

    faz que eu esteja sempre atento
    ao sangrar do crepúsculo do tempo
    ao que está aqui fora
    e mais ainda
    ao que está lá dentro...

    Beijo
    Sonhadora

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  2. Simplesmente maravilhoso, meu querido!
    Lindo, emocionante, feito de sensibilidade pura.
    Parabéns, Poeta!
    Abraço trespassado de admiração

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  3. Uma oração ou um grito.
    Parece o último lampejo de um niilista, num apelo invertido, pelo que lhe resta em meio aos tantos nadas.

    Belo, triste e complexo, como todo fim.

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  4. Fascinante, Reiffer!

    Uma oração que o mundo que padece merece ouvir e não só, seguir esse exemplo de atenção que você sempre demonstra para com tudo!

    Um forte abraço!

    Mirze

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