Continuo postando os sonetos de Passos da Cruz de Fernando Pessoa, conforme explicado na seguinte postagem: http://artedofim.blogspot.com/2009/12/fernando-pessoa-o-predestinado-passos.html . Na próxima semana, o 12º passo. Na imagem que acompanha o poema, o quadro "Anjos Rolando a Pedra do Sepulcro" de William Blake.
Passos da Cruz - Soneto XI
Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.
Que importa o tédio que dentro de mim gela,
E o leve Outono, e as galas, e o marfim,
E a congruência da alma que se vela
Com os sonhados pálios de cetim?
Disperso… E a hora como um leque fecha-se…
Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar…
O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se…
E, abrindo as asas sobre Renovar,
A erma sombra do voo começado
Pestaneja no campo abandonado…
Passos da Cruz - Soneto XI
Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.
Que importa o tédio que dentro de mim gela,
E o leve Outono, e as galas, e o marfim,
E a congruência da alma que se vela
Com os sonhados pálios de cetim?
Disperso… E a hora como um leque fecha-se…
Minha alma é um arco tendo ao fundo o mar…
O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se…
E, abrindo as asas sobre Renovar,
A erma sombra do voo começado
Pestaneja no campo abandonado…
Não esses sentimentos que as vezes povoam nossa alma? Um deixar de lado, um não importar,
ResponderExcluir"Que importa o tédio que dentro de mim gela,"
Uma inapetência pela vida, pelas coisas boas ou ruins, apenas uma "desvontade"
simplesmente não impedir o fluir..
"O tédio? A mágoa? A vida? O sonho? Deixa-se…"
Parabéns pelo bom gosto..
bjokas
Ah Fernando Pessoa, leio-o, releio, torno a ler, e não me canso. Este homem foi, é e continuará sendo um mito. Um "nada que é tudo."
ResponderExcluirBelíssima escolha! Um beijinho e obrigada pelo apoio, viu? :)
Uma bela quarta para ti!
para quem percebe, e para quem importa: o importante. para esses sensíveis, atenção é necessária.
ResponderExcluiré preciso estar atento ao quem interessa, como um catador que deixa no chão o que não precisa e leva consigo o que vale.
continuemos - os atentos - atentando à poesia nos instantes, nas coisas, nas pessoas, nas páginas (físicas ou virtuais): nos pedaços de mundo e no mundo.
bom ver que és mais um atento.
um abraço acompanhado das saudações de uma figura viva por trás dessa virtual que aqui aparece.
marcus (www.peixebola.blogspot.com)
Adorei a imagem de William Blake...
ResponderExcluire Fernando Pessoa...é sensacional...
Procuro sempre abrir as asas do renovar...
beijo
Leca