25 fevereiro 2010

Inebriei-me de Ocaso...

flecha de Fim varou-me no peito
rasgando a carne como a água do mar
avança sobre a praia frágil:
insanamente lenta.

pé por pé
me lancei em lentidão da noite
e cada passo
era cada passo um século
cada século
era de sangue a gota
gota a gota
lacrimejava a vida
e passo a passo
me arrastava largo
vago arrastando
lento em adágio
formei-me vãos lagos
a cada compasso
lasso sangrado
e passo a gota
a marcha marcava
o rastro marcado
da morte alagada
lento inundado
do que desmorona
fúnebre marcha
em rastejo de cobra
sangue por sangue
sequei-me de alma
aos poucos do lento
em quase ao eterno
gole por gole
inebriei-me de ocaso
e ninguém viu que meu peito
que meu peito esvaziava

e devagar agonizo...
como a Terra nos morre...

7 comentários:

  1. Cheio de força e de tragédia este teu poema. E ao mesmo tempo nos transmite uma sensação de lentidão, de algo que agoniza mesmo. Muito bom!

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  2. e quem disse q a verdadeira agonia do homem, assim como a quase morte, não é bela na profundeza de sua melancolia e no cheiro das flores?

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  3. Nossa, que lindeza, menino vc escreve tão bem...me encantei!


    bjs

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  4. Es-tu-pen-do!
    Tu tens noção do quanto és bom?
    Confunde-me, muita vezes, o escritor e o poeta que vive em ti, mas ao ler um poema teu, sinto tua alma nele.
    Gosto do escritor, amo o poeta!
    Parabéns

    Meu carinho

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