12 janeiro 2010

Eu Não Sirvo a Ninguém

como exemplo
não me siga
que eu a ninguém sou exemplo:
irias arrancar os cabelos
se visses o que trago por dentro

quanto mais belo é o que escrevo
mais de horrores me inundo...
eu não passo
de um vagabundo
e em todos meus passos
nos mais altos
abismos me afundo

o que eu faço da vida
não sei
sei
que meu peito estraçalhei
que quanto melhor é a Arte
mais grave é o enfarte

sou tão nada
que escrevo como escreveram
todos os poetas:
não passo de um triste
a minha própria alma
de tão funda
nem existe

construí catedrais inúteis
do que sinto
ergui minha alma
nos alicerces do que nunca vem
e tudo que digo
minto

do meu trono de miséria
olho-te cheio de orgulho e desdém
por isso não me siga
não me admire
que eu não sirvo pra nada
e não sirvo a ninguém.

7 comentários:

  1. Poema muito bonito


    Mostra a alma de um poeta...
    Que escreve com a alma e toca no coração!!!!


    abraço

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  2. Isso... Isso... Humilha mesmo aqueles que, como eu, tentam fazer um poeminha bacaninha... Humilha!!!

    rsrsrsrs

    Muito bom cara! A cada dia vc me deixa com dúvida de quais são os seus melhores poemas.

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  3. Aposto que agora sim. Chegaste ao fundo do poço. Toma uma corda, meu amigo. Ou melhor, tome uma taça de vinho porque a vida é nada.

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  4. Lindo poema. Acabei identoficando-me com as palavras...
    [;

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  5. Lindíssimo poema. Se pudesse faria de suas palavras minhas. Me identifiquei absurdamente.

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