28 julho 2009

do Horror

ser humano
é ser fracassado
por isso
entre o tudo que não existe
dou-te este poema
fracassadamente triste

mas se minha tristeza
não é suficiente
olha pra o mundo...

eu dou-te aquilo
que não perdoa:
eu dou-te a culpa

que troa

eu dou-te aquilo
que sempre surge:
eu dou-te o erro

que ruge

eu dou-te aquilo
que nunca passa:
eu dou-te a dor

com a taça

eu dou-te aquilo
que sempre é firme:
eu dou-te o medo

e o crime

eu dou-te aquilo
que não se apaga:
eu dou-te o mal

com a chaga

eu dou-te aquilo
que é sempre igual:
eu dou-te a morte

triunfal

eu dou-te aquilo
que nunca esquece:
eu dou-te o Fim

sem prece

e se mesmo assim
tu me disseres
“com todo horror
eu não chorei”
eu te direi
que até nisso
até nisso
eu fracassei

6 comentários:

  1. Pode-se dar quase tudo, mas no meio disso não se pode prever o que é acolhido

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  2. Incrível, excepcional! Tuas obras tocam no que há de mais profundo em nós. Impossível ficar indiferente à força de tuas palavras.

    André Vieira

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  3. ^^ Como sempre, lindas palavras adornadas de musicalidade e melancólica...o/

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