como todos os outros
todos os outros meus
talvez todos mais que os meus
talvez ser nulo é ser poema
um ser nulo é um ser poeta
que o que sinto penso e digo
nunca será contigo
que o que sinto penso e escrevo
jamais será o que devo
e se um dia meu martelo
poder bater em tua porta
será claro: estará morta
adoeci-me sentindo
sentindo sem sentido
pra não curar ninguém
que curar ninguém queria
nem eu queria também
e tudo aquilo que não disse
talvez fosse o meu dever
falei por mim e fiz por nada
suicidei-me sem morrer
senti na pele não ser Deus
velando a dor de todo um mundo
e ouvi ao fim de umas senhoras:
“quem faz verso é vagabundo...”
mas sempre dará muitas voltas
as curvas do Espaço-Tempo
em suas não-curvadas
revoltas
Ando me sentindo meio nulo ultimamente... Em alguns pormenores que a vida insiste em esfregar na cara. Enfim...
ResponderExcluirMuito bom!
Abraços horripilantes!
Muito bom, Reiffer, muito bom.
ResponderExcluirSuponho que conheças W. W. Jacobs. Se não, sugiro-te "A Pata do Macaco", um fantástico conto.
Abraços.
Grato pela visita, Reiffer.
ResponderExcluirAchei sensacional o "A Pata...". O ritmo e o encerramento são notáveis. Conheci pela dica de Gabriel Garcia Marquez, que o considera o melhor conto já escrito.
Bueno, comecei com o Boa Noite pro Porco, ainda em 2006, mas depois migrei para o La Vieja Bruja, meu endereço atual. Também tenho escrito na Carta Maior, ultimamente.
Apareças sempre.
Um abraço.